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Reino Unido: 77 mil pessoas condenadas por serem gays vão ser perdoadas

 

O governo do Reino Unido anunciou esta quinta-feira que vai extinguir a condenação que recaía sobre milhares de pessoas por serem homossexuais ou bissexuais. Será também atribuído um “perdão” póstumo a todos aqueles que já faleceram e que eram visados pela mesma condenação.

 

As relações homossexuais eram consideradas crime na Inglaterra e no País de Gales até 1967, na Escócia até 1980 e na Irlanda do Norte até 1982. Calcula-se que este perdão possa abranger até 77 mil pessoas.

O ministro de Justiça britânico, Sam Gyimah, defendeu que é “muito importante” dar “o perdão” às pessoas que foram condenadas por homossexualidade, uma vez que “seriam inocentes de qualquer crime hoje em dia”, referiu citado pela agência EFE.

Esta é a conclusão de um processo que foi motivado pelo movimento “Alan Turing Law”. Trata-se de uma campanha de pressão que pretendia também homenagear o matemático britânico Alan Turing (1912-1954) que ajudou a decifrar os códigos dos segredos nazis durante a II Guerra Mundial. Turing foi condenado por indecência grave depois que foi descoberto o seu relacionamento com um jovem 19 anos, em 1952. Foi castrado quimicamente e suicidou-se em 1954. Em 2013, a rainha Isabel II concedeu perdão ao matemático, no entanto, começou um movimento para pedir que este indulto fosse aplicado a todas as pessoas que foram condenadas pela sua orientação sexual. A história de Turing deu origem ao filme “O Jogo da Imitação” (2014)

 

ACTUALIZAÇÃO: A lei que teria limpo o registo criminal de milhares de homens por serem homossexuais não avançou no parlamento (21 de Outubro). Isto porque o ministro Sam Gyimah falou durante 25 minutos, atingindo o limite de tempo previsto para o debate. O regimento parlamentar impede, nestas situações, os deputados de votar. O governo conservador alega que terá uma lei própria sobre esta matéria. No dia anterior à votação do parlamento da lei apresentada pelo deputado John Nicolson (Partido Nacionalista Escocês), o ministro da Justiça tinha-se mostrado favorável à lei, o que fazia antever a sua aprovação. 

 

9 Comentários

  • Anónimo

    Para os que já morreram e que devem ser a maioria, deviam analisar caso a caso se eram assumidos porque podem provocar outings.
    A forma como a homossexualidade era julgada e reprimida, leva-me a crer que muita desta gente estava no armário, sobretudo para a família.

  • Anónimo

    Perdoadas? WTF? Quem precisa de ser perdoado é o governo britânico pelas atrocidades que cometeu contra a comunidade LGBT no passado.

  • DD

    Resta saber, perdoadas de quê já que não cometeram nenhum crime. O que o governo teria de fazer, isso sim, era apresentar um pedido de desculpas público.

  • Anónimo

    O “pardon” da jurisprudência Inglesa não pode ser traduzido para o nosso perdão. No fundo, o que vai existir é uma absolvição e a limpeza do cadastro, como se a condenação nunca tivesse existido.
    É exactamente a mesma coisa que ocorre quando alguém é condenado e mais tarde se prova a sua inocência.

  • EE

    Exactamente! Não se pode levar o pardon à letra. Se as 2 alminhas incomodadas – que aposto serem a mesma pessoa – com o perdão que até está em aspas, usassem a cabeça e procurassem informação, não faziam figura de urso.
    A cabeça só serve para usar os bonés do BE.

  • Anónimo

    Isso não é “pardoned”, é “acquitted”. Mas neste caso, para além de uma absolvição, exige-se ainda um pedido de desculpas. Ou é preciso esperar que o Conservative Party (que só muito recentemente decidiu apoiar os direitos LGBT) saia do poder?

  • Anónimo

    Também se exige um pedido de desculpas do PCP por décadas de homofobia.

  • Anónimo

    Olá, Senhor Espantalho. Já estava com saudades suas. Deixe-me recordá-lo que o PCP nunca formou governo. Embora a homofobia do PCP no passado seja condenável (como o caso do PS… do PSD e no CDS não falo porque ainda são bastante homofóbicos), o seu comentário cheira a ressabiamento direitolo de quem não aceita uma crítica.