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Troca de acusações entre colectivos sobre organização da Marcha do Orgulho LGBTI+ de Guimarães

guimarães lgbt

O Movimento Guimarães LGBTQIA+ emitiu um comunicado a 4 de Julho em que lamenta que a última Marcha LGBTQIAP+ de Guimarães não tenha sido um momento seguro, de celebração e união, na reivindicação por uma cidade mais justa e igualitária para todas as pessoas e acusa a Humanamente, responsável pela organização da marcha de não ser uma entidade inclusiva, democrática e transparente.

Recorda-se que a Marcha do Orgulho LGBTI+ de Guimarães 2023 foi organizada pela Humanamente (ex-GAPQ - Grupo de Apoio a Pessoas Queer) que em 2022 fez regressar a marcha à cidade depois de uma pausa de quatro anos. A primeira marcha remonta ao ano de 2018 e foi então organizada pelo grupo informal Guimarães LGBT entretanto extinto.
 
O Movimento Guimarães LGBTQIA+ diz ser sua "obrigação expor publicamente que a entidade promotora da Marcha LGBTQIAP+ de Guimarães [Humanamente] e a sua comissão “organizadora”, não são entidades inclusivas, democráticas nem transparentes".
As pessoas activistas vimaranenses afirmam que "esta organização apropriou-se da Marcha LGBTQIA+ de Guimarães e exclui grande parte dos movimentos e das pessoas LGBTQIA+ de Guimarães. Desta forma, a “promotora” e a comissão organizadora, desconhecem a realidade local e não são realmente representativas das pessoas LGBTQIA+ de Guimarães, pois privilegiam pessoas LGBTQIA+, maioritariamente, de fora da cidade, assim como, alguns partidos e agentes políticos hétero-cis, que não se importam de instrumentalizar a luta LGBTQIA+ para fins pessoais e partidários".
 
Quatro dias depois a Humanamente também decidiu emitir um comunicado público em que refuta estas acusações. Na sua resposta a Humanamente afirma que o Movimento Guimarães LGBTQIA+ tem o mesmo fundador e responsável do Núcleo Antifascista e considera que:
"O Núcleo Antifascista mente e distorce os factos ocorridos, seja em 2021, ou em 2022. Ninguém roubou a ideia de ninguém, até porque, como explica o fundador do Núcleo Antifascista de Guimarães e do Guimarães LGBTQIA+ que se o fundador do GAPQ/Humanamente lhe tenha roubado a ideia, tenha o mesmo convidado o GAPQ/Humanamentea reunir com ele e o partido pelo qual o mesmo de candidatou, durante a campanha das eleições autárquicas. Quando alguém rouba a “nossa ideia” não lhe vamos convidar passado uns meses a reunir e dar-lhe visibilidade em Guimarães e na Comunicação Social".
É também mencionada a questão das reuniões abertas: "sobre o facto de a Comissão Organizadora da Marcha LGBTQIAP+ de Guimarães, não realizar reuniões abertas, a mesma deve-se ao facto da Organização temer pela falta de segurança dos seus participantes, após em 2022, na última reunião aberta da Organização da Marcha, o fundador e responsável do Guimarães LGBTQIA+, sendo o mesmo do Núcleo Antifascista de Guimarães, ter tentado agredir fisicamente o moderador da reunião, bem como insultado vários participantes da mesma reunião" e refere que a Comissão Organizadora da Marcha LGBTQIAP+ de Guimarães está aberta a todes, porém, quem queira se inscrever deve o fazer de forma antecipada, e não após o trabalho estar feito".
 
Já esta semana também o movimento 8M Guimarães veio a público esclarecer que é falso que tenha recebido qualquer convite para usar da palavra na Marcha LGBTQIAP+ de Guimarães. "Todo o grupo 8M Guimarães, que neste momento é constituído por quarenta e uma pessoas, repudia publicamente que o seu nome seja usado formalmente num comunicado para faltar à verdade e para tecer argumentos enganadores [...] decidimos que não iriamos participar no microfone aberto, em protesto pela falta de transparência, democracia e inclusão da organização e coordenação da Marcha LGBTQIAP+ de Guimarães".
 
O rol de acusações do Movimento Guimarães LGBTQIA+ é extenso, desde a escolha da hora e do percurso escolhido por parte da comissão organizadora: "com o calor abrasador que se fazia sentir àquela hora, fazer um percurso extenso, praticamente sem ponta de sombra, só podia tornar-se um perigo para a saúde das pessoas vulneráveis. Por estas decisões negligentes, duas pessoas sentiram-se mal e não conseguiram terminar o percurso". E continua: "foi uma falta de respeito terem convidado uma conhecida artista drag queen e tê-la obrigado a marchar de saltos altos, por extensas ruas de paralelo, áridas, e, desertas" 
Este colectivo considera: "definitivamente,esta Marcha não serviu os seus propósitos, unir todas as pessoas LGBTQIA+ e reivindicar uma cidade melhor e mais segura, construindo e assegurando a proteção e o lugar de fala de todas as pessoas. Por isso, não podemos continuar a compactuar com a apropriação em curso, nem com a instrumentalização político-partidária que estão a fazer à nossa celebração e reclamamos a extinção da comissão organizadora e a devolução da Marcha a quem de direito, as pessoas LGBTQIA+ de Guimarães". 
 
O dezanove.pt tentou obter mais reacções por parte da Humanamente ao comunicado do Movimento Guimarães LGBTQIA+ que não chegaram em tempo útil.
 
Ao dezanove.pt chegaram também mais relatos sobre a situação em Guimarães e das tentativas de apropriação político-partidária da Marcha do Orgulho LGBTI+ de Guimarães por parte de elementos de mais de que um partido.