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Nem na mata se encontram histórias assim

Vamos falar de homofobia?

Pedro Capitão

Ao que parece mudam-se os tempos, mas não se mudam as vontades. Não se muda a vontade de ter acesso a informação que é gratuita, nem a vontade de alargar horizontes. Mas vontade de nos mantermos uma sociedade preconceituosa, essa sim, ainda se vai manter durante algum tempo.

 

À luz dos presentes acontecimentos, ali para os lados da Ericeira, na suposta casa mais vigiada do país, vemos que esta casa alberga na sua estrutura moderna... mentes tacanhas e retrógradas. 

Durante estes dias já se ouviu de tudo: homossexuais comparados com toxicodependentes, crianças que vão ficar com traumas quando se depararem com um casal do mesmo sexo numa troca de afectos, preferia ser qualquer coisa a ser homossexual, ou até mesmo qualificar os homossexuais como “essas pessoas”. Palavras simpáticas proferidas por dois concorrentes do formato. Um deles, assumidamente homofóbico. Contudo, a desculpa dada é o velho clichê, “foi a brincar” ou “não foi com maldade”. Observações deste tipo são sempre intencionais e com o único propósito de diminuir uma minoria. Mas até aqui nada de novo. Vejamos o caso do apresentador do programa, pertencente à comunidade LGBT, no passado ano de 2014. O mesmo manifestou num canal de televisão a sua fobia e preconceito contra pessoas dessa mesma comunidade onde ele se insere.

Aqui as coisas mudam de figura, o preconceito maior parte da própria comunidade LGBT para com os seus membros. Dar um ralhete ao concorrente em questão foi quase como compactuar com as afirmações que foram proferidas. A atitude correcta seria fazer de uma expulsão imediata um método de aprendizagem, para que, de uma vez por todas fique claro que homofobia é crime, e como tal, quem pratica um crime, tem que ser punido. 

A atitude correcta seria fazer de uma expulsão imediata um método de aprendizagem, para que, de uma vez por todas fique claro que homofobia é crime, e como tal, quem pratica um crime, tem que ser punido. 

A questão que se coloca agora é: “Até quando vamos alimentar crimes de ódio gratuitos num programa de televisão que é acompanhado por milhares de pessoas?”.

É desta forma que vamos conseguir mudar mentalidades? Não me parece. Enquanto estas vozes se fizerem ouvir, vai ser este o exemplo a dar não só para os seguidores do programa assim como para a sociedade no geral. 

 

Pedro Capitão, gestor de marcas, ex-concorrente Secret Story 5

 

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