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Nem na mata se encontram histórias assim

#Zelena Uma história que só deveria ser isso mesmo e nada mais

#zelena

Há algum tempo, aproveitei este espaço para falar sobre representatividade e a sua importância. Hoje, regresso para reiterar como esta é fundamental.

 

Enquanto navegava na rede social X, há cerca de um mês, deparei-me com a tendência #Zelena, que, dias mais tarde, voltou a aparecer, desta vez no TikTok. A minha curiosidade levou-me a procurar mais sobre o assunto e apercebi-me que #Zelena se tornara viral: era então o nome de um shipp nascido no Grande Fratello, em Itália.

Os vídeos, montagens e variadas publicações relatavam o início de uma história de amor – seja ele de que forma for – entre Zeudi Di Palma, Miss Itália 2021 e assumidamente bissexual, e Helena Prestes, uma modelo brasileira que cresceu numa família conservadora e que assumiu que nunca se permitiu explorar a sua própria sexualidade, uma vez que tinha na memória a expulsão da irmã de casa pela própria mãe, depois de a mesma assumir que gostava de mulheres.

Esta história tem causado furor, não só entre o público, mas também nos media e entre influencers, ultrapassando fronteiras. Tornou-se tendência no Brasil, na Argentina, na Colômbia, em Portugal e em muitos outros países. Ninguém está indiferente a esta narrativa – e ainda bem.

Contudo, surge a pergunta: deveríamos mesmo estar a comentar este fenómeno? Idealmente, não. Histórias de amor como esta deveriam ser tão naturais e aceites que não se tornassem acontecimentos de destaque mundial.

No entanto, a atenção em torno deste caso serve para nos lembrar de que as coisas ainda estão longe de ser simples ou “normais”. Muitos permanecem fechados nas suas bolhas, encarando estas questões com desconforto e estranheza. Ainda há quem questione a bissexualidade ou os sentimentos entre mulheres. Não, amiges, elas não são apenas amigas.

É crucial que estas questões continuem a ser debatidas. Representatividade importa – especialmente em países como a Itália, onde o conservadorismo ainda impera, como se vê na história política e social do país, além de quem o governa atualmente.

O impacto desta história transcende o mero entretenimento. Ela toca a vida de muitas pessoas e reforça que estas experiências são reais, possíveis e comuns. Poderia ser a história de qualquer mulher. É por isso que tem gerado tanta atenção e continua a ser tão necessário.

No dia 13 de Janeiro, Helena deixou o programa, criando um vazio. Mas, independentemente do que aconteça, conseguiu libertar-se das amarras que a restringiam e compreender que todas as formas de amor são válidas. Por seu lado, Zeudi continua a afirmar corajosamente, perante a Itália e o mundo, que gosta de uma mulher, que é bissexual – e que isso nem deveria ser motivo de discussão.

A normalização só será alcançada quando histórias como esta deixarem de ser exceções e passarem a integrar o nosso quotidiano. Até lá, continuemos a celebrar estas conquistas e a debater a importância da representatividade.

Bacio,

Sara Salgueira