O episódio é contado por Adolfo Mesquita Nunes em entrevista ao Expresso, publicada este sábado.
“Em Junho, escreveram ‘gay’ num cartaz meu que estava num cruzamento muito movimentado. (…) Pedi que não o substituíssem porque não era mentira. Se alguém da minha equipa achasse que isto era um problema, que saísse. Ninguém saiu. E o cartaz lá ficou quatro meses. Passei por ele centenas de vezes e nunca me arrependi de o não ter tirado.”
Foi desta forma que o político do CDS revelou é homossexual, sendo esta a primeira vez, como destaca o Expresso, que “um alto dirigente de um partido português fala publicamente sobre a sua homossexualidade”. Adolfo Mesquita Nunes é vice-presidente do CDS. Foi deputado e secretário de Estado do Turismo no governo de Passos Coelho, depois voltou à advocacia, sendo agora vereador na Covilhã. Adolfo Mesquita Nunes foi eleito pelo dezanove Deputado do Ano 2012 por ter sido o único deputado do CDS a votar no Parlamento a mudança de lei que permite que casais de pessoas do mesmo sexo possam adoptar crianças.
“Nunca antes dei uma entrevista de vida. Como disse, sempre tive uma relação complicada com a política, também no sentido da exposição pública que ela traz. Não tem que ver apenas com orientação sexual, eu não gosto dessa exposição. Por isso recusei vários convites para entrevistas de vida. Para mim isso significou, durante muito tempo, tornar irreversível um compromisso com a política, pois só dá entrevistas de vida quem é uma figura pública. É uma irreversibilidade que me assusta”, destaca Adolfo Mesquita Nunes na mesma entrevista. O político diz que tem “a sorte de ter família, amigos e meio social onde a orientação sexual não é assunto, sei que para milhões de pessoas é assunto, porque são vítimas de perseguições, de bullying, de ameaças, de assédio, de morte, de discriminações, e para quem a afirmação da orientação sexual de uma figura pública é um assunto muito relevante e que tem repercussão política. Mas só consigo falar do meu caso concreto”. Mais à frente Adolfo Mesquita Nunes destaca que “para hoje uma pessoa poder estar confortável com a sua orientação sexual houve muita gente que precisou de uma coragem infinitamente superior àquela que me pergunta se tenho. É por isso que não aceito a distinção entre o activismo supostamente folclórico, extravagante, e o activismo moderado, mais discreto e por isso supostamente mais aceitável. Para eu não precisar de nenhuma coragem para estar aqui a ter esta conversa, houve muita gente que chocou, provocou, correu riscos, desafiou, teve uma coragem infinitamente superior. Dito isto, tenho a convicção de que para muita gente é hoje uma questão de enorme coragem, em muitos casos até uma questão de vida ou de morte, e eu, a pretexto de ter tido a facilidade de viver sem grandes problemas, não posso deixar que passe a mensagem de que, em querendo, toda a gente consegue viver feliz e sem problemas”.
O político é ainda confrontado com as posições políticas do CDS face a questões LGBT. “Nenhum partido português pensa hoje sobre matérias de identidade de género e orientação sexual o mesmo que pensava há dez anos. O CDS não aceitava as uniões de facto entre pessoas do mesmo sexo; a partir de certa altura passou a aceitar, ou pelo menos muitos dirigentes passaram a defender a união civil, até por contraponto ao casamento. Algo que era impensável, extravagante, passou a ser aceitável. O PS era contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo e passou a ser a favor. Era contra a adopção, e passou a ser a favor. A própria sociedade vai evoluindo. Olhando para todos os partidos de direita europeus, não vejo nenhuma excepcionalidade na minha presença no CDS”, considera.
Foi desta forma que o político do CDS revelou é homossexual, sendo esta a primeira vez, como destaca o Expresso, que “um alto dirigente de um partido português fala publicamente sobre a sua homossexualidade”. Adolfo Mesquita Nunes é vice-presidente do CDS. Foi deputado e secretário de Estado do Turismo no governo de Passos Coelho, depois voltou à advocacia, sendo agora vereador na Covilhã. Adolfo Mesquita Nunes foi eleito pelo dezanove Deputado do Ano 2012 por ter sido o único deputado do CDS a votar no Parlamento a mudança de lei que permite que casais de pessoas do mesmo sexo possam adoptar crianças.
“Nunca antes dei uma entrevista de vida. Como disse, sempre tive uma relação complicada com a política, também no sentido da exposição pública que ela traz. Não tem que ver apenas com orientação sexual, eu não gosto dessa exposição. Por isso recusei vários convites para entrevistas de vida. Para mim isso significou, durante muito tempo, tornar irreversível um compromisso com a política, pois só dá entrevistas de vida quem é uma figura pública. É uma irreversibilidade que me assusta”, destaca Adolfo Mesquita Nunes na mesma entrevista. O político diz que tem “a sorte de ter família, amigos e meio social onde a orientação sexual não é assunto, sei que para milhões de pessoas é assunto, porque são vítimas de perseguições, de bullying, de ameaças, de assédio, de morte, de discriminações, e para quem a afirmação da orientação sexual de uma figura pública é um assunto muito relevante e que tem repercussão política. Mas só consigo falar do meu caso concreto”. Mais à frente Adolfo Mesquita Nunes destaca que “para hoje uma pessoa poder estar confortável com a sua orientação sexual houve muita gente que precisou de uma coragem infinitamente superior àquela que me pergunta se tenho. É por isso que não aceito a distinção entre o activismo supostamente folclórico, extravagante, e o activismo moderado, mais discreto e por isso supostamente mais aceitável. Para eu não precisar de nenhuma coragem para estar aqui a ter esta conversa, houve muita gente que chocou, provocou, correu riscos, desafiou, teve uma coragem infinitamente superior. Dito isto, tenho a convicção de que para muita gente é hoje uma questão de enorme coragem, em muitos casos até uma questão de vida ou de morte, e eu, a pretexto de ter tido a facilidade de viver sem grandes problemas, não posso deixar que passe a mensagem de que, em querendo, toda a gente consegue viver feliz e sem problemas”.
O político é ainda confrontado com as posições políticas do CDS face a questões LGBT. “Nenhum partido português pensa hoje sobre matérias de identidade de género e orientação sexual o mesmo que pensava há dez anos. O CDS não aceitava as uniões de facto entre pessoas do mesmo sexo; a partir de certa altura passou a aceitar, ou pelo menos muitos dirigentes passaram a defender a união civil, até por contraponto ao casamento. Algo que era impensável, extravagante, passou a ser aceitável. O PS era contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo e passou a ser a favor. Era contra a adopção, e passou a ser a favor. A própria sociedade vai evoluindo. Olhando para todos os partidos de direita europeus, não vejo nenhuma excepcionalidade na minha presença no CDS”, considera.
8 Comentários
Anónimo
E quando o CDS impôs a disciplina de voto em questões LGBT, como é que ele votou?
Ser LGBT e pertencer ao CDS é puro masoquismo.
João Delgado
“É por isso que não aceito a distinção entre o activismo supostamente folclórico, extravagante, e o activismo moderado, mais discreto e por isso supostamente mais aceitável. Para eu não precisar de nenhuma coragem para estar aqui a ter esta conversa, houve muita gente que chocou, provocou, correu riscos, desafiou, teve uma coragem infinitamente superior”
Muito bem dito
É muito positivo e muito importante estas tomadas de atitudes desta pessoas ligas a politica.
Muitos parabéns
Filipe
Gosto de pessoas sinceras, transparentes. Se ha 20 anos tivesse existido esta transparencia no CDS, no PS e no PSD o BE nao teria crescido tanto. Nisto o BE foi esperto: tomou a bandeira LGBT quando ninguem a queria, e o eleitorado nao esquece nem esquecera. Contudo, nao deixa de ser um partido adepto de ideias economicas que na pratica nunca funcionam, veja-se a Venezuela.
Anónimo
O direitolo Filipe voltou? Pensei que se tinha reformado ou que tinha ido ter com o Trump…
E sim, o BE é “um partido adepto de ideias economicas que na pratica nunca funcionam”… excepto na Alemanha (governada por Merkel) onde os trabalhadores da indústria do metal conseguiram conquistar as 28 horas semanais e um aumento salarial de 4%. Entretanto o tuga que tem que trabalhar 40 horas por semana vai para as caixas de comentários dizer mal dos sindicatos.
Filipe
Masoquismo? Nao, nao e. Masoquismo e parte da comunidade continuar a pensar que um LGBT so pode ser de Esquerda. Sucede que muitos LGBTs nao se identificam com as ideias da Esquerda portuguesa. Votam na Direita porque preferem outro modelo. Por isso e importante que haja uma renovacao da Direita nestas questoes. Quando tal suceder, a verdade e que a Esquerda perdera algum eleitorado.
Anónimo
É simples, a esquerda luta por direitos humanos. A direita luta contra estes (não me refiro apenas a direitos LGBT) e defende apenas os interesses dos mais poderosos. Há muitos partidos de direita na Europa que apoiam os direitos LGBT (a direita ibérica é que sempre foi um completo atraso de vida, e não me refiro apenas à austeridade ou à repressão policial contra catalães), mas não é por isso que vejo a comunidade LGBT a votar neles em peso.
Filipe
E curioso que num site LGBT se utilizem expressoes como “direitolo”. Sim, num site sobre uma minoria que foi designada seculos com termos que tinham carga fortemente pejorativa. Tambem poderia chamar-lhe xuxa, ou esquerdolo, mas nao o farei. O Senhor Trump ja agora nao faz o meu genero, mas ao menos para ja nao pos a populacao a passar fome e sem medicamentos como o senhor Maduro. Quanto a Alemanha, e um pais onde a produtividade e muito mais que Portugal, e com um mercado interno muito mais vasto, portanto e normal que os trabalhadores ganhem mais.
Anónimo
Você tem mesmo a lata de comparar terem-lhe chamado “direitolo” num blog com as opressões de que a comunidade LGBT sofre? Você lê sequer os disparates que escreve?
Quanto a Trump, não pôs parte da população sem medicamentos graças a três senadores do próprio partido que tiveram a decência de votar contra uma lei que iria tirar o acesso à saúde a 20 milhões de pessoas no país mais rico do mundo. Se isto acontecesse na Venezuela caía o Carmo e a Trindade. Mas fazer comparações descabidas entre países que não têm nada a ver um com o outro é típico da direita.
E acredito que a produtividade dos trabalhadores alemães seja maior. Aliás, está comprovado que a diminuição da carga horária de trabalho leva a uma maior produtividade. Só que em Portugal temos políticos e gestores incompetentes que não percebem isso e preferem explorar o trabalhador português.
Quanto ao “mercado interno”, eu pensava que tanto Portugal como a Alemanha faziam parte da UE mas pelos vistos enganei-me.