O público cantou, dançou, riu, surpreendeu-se, ficou de queixo caído com as revelações e deslumbrantes e extravagantes performances, mas vibrou também com questões como “Is Drag a dangerous art form?” de Miss Moço ao relembrar os protestos que decorrem nos Estados Unidos da América e Canadá contra a expressão artística Drag.

Nesta edição, competiram Mary Poppers, Valley Dation, Wilda Light, Tandy 3000, Fortuna Beige e Morgana, no final a nossa nova Rainha foi coroada: Morgana.

 

 

 

 

 

Ver esta publicação no Instagram

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Uma publicação partilhada por Miss Drag Lisboa (@missdraglisboa)

Aqui fica a entrevista para conheceres melhor a Miss Drag Lisboa 2023 a quem damos, desde já, os Parabéns!

dezanove: Podes contar-nos quando começaste a fazer drag? O que significa esta forma de expressão na tua vida?

Morgana: Antes de mais, muito obrigado pela oportunidade! O Miss Drag Lisboa - All Stars foi um projecto para o qual trabalhei imenso e terei todo o gosto de falar sobre. Bem, sem grandes engodos, a minha jornada drag já vem desde há seis anos para cá, mais concretamente Carnaval de 2017. Desde muito novo que sou um grande admirador da arte drag e tudo aquilo que esta mesmo proporciona, tanto a mim, como aos demais. Ter um outlet que me permite expressar criativa e livremente como este, tem feito maravilhas a tratar da minha “inner child” como a desenvolver e criar conexões novas, dentro e fora da minha zona de conforto.

O teu drag, como apontado pelo júri no Miss Drag Lisboa, traz uma perspectiva bastante singular, se assim podemos dizer, podes dizer-nos quais são as tuas maiores referências?

As minhas maiores referências, de momento? Acho que inevitavelmente e sem qualquer sombra de dúvida, são os membros da minha família drag. As minhas mães Rebecca e Lola Bunny que são sem dúvida, na minha opinião, as melhores drag queens que temos em Portugal e a minha irmã Blue Velvet que é incrível em tudo o que faz.

Uma das minhas maiores referências é também Kabuki Starshine, uma figura na nightlife club-kid nova-iorquina que chegou até a desfilar para a Mugler e agora trabalha como maquilhador. 

Como qualquer outra Queer person, não posso também deixar de mencionar o fenômeno que é o Drag Race com as suas mil uma franchises a decorrer de momento. 

Foste a única concorrente a seguir uma storyline durante toda a tua performance, podes falar-nos mais desta história que nos trouxeste?

Na verdade, eu queria que este Miss Drag reflectisse um pouco da minha história abaladora que foi o Miss Drag Lisboa 2019. Todas as emoções que senti depois da minha participação. Dividi as categorias como presente, passado e futuro, respectivamente.

Cronologicamente a primeira etapa foi a performance (segunda categoria) que mostra o estado fragilizado em que estava e os demónios internos que estava a lutar na altura (as bailarinas) e o momento em que decidiram silenciar tudo.

A segunda etapa seria o reveal (primeira categoria) em que entro de cadeira de rodas, uma coisa que queria fazer para conectar com a minha última entrada no Miss Drag Lisboa de 2019 e sou morto por uma outra pessoa - o meu verdadeiro eu. Queria mostrar uma storyline coesa de rebirth e de transformação.

A terceira, e última etapa haveria sido o meu gown, onde renascia como um novo ser, mesmo que ainda a escorrer sangue em certas partes. Adapt, Overcome. 

 

 

 

 

 

Ver esta publicação no Instagram

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Uma publicação partilhada por Miss Drag Lisboa (@missdraglisboa)

Como é que actuar nesta edição difere da Morgana a actuar em 2019?

Para além de nesta edição o meu drag estar completamente metamorfizado, significantemente meu, sinto que teve uma linha de raciocínio - pés e cabeça. Teve significado e consegui verdadeiramente mostrar uma nova faceta minha que muita gente não tinha tido até a altura oportunidade de ver.

Qual é a sensação de ganhar o Miss Drag Lisboa? O que significa esta vitória para ti?

Para ser derradeiramente honesto - Aliviado e feliz! Desde o ano da minha edição que estava à espera de uma oportunidade como esta para poder mostrar de novo o que posso trazer para a mesa que é a drag scene portuguesa

O que vem a seguir para a Morgana?"

O que vem a seguir” pode ser uma pergunta tão abrangente e pouco ou nada concreta, visto que esta meio que cabe tanto a mim, como aos que apreciam e valorizam o meu trabalho como drag. Consigo dizer que o que quero que seja da Morgana daqui para a frente - quero levar o meu drag para outros sítios. Quero introduzir novas oportunidades para o drag Português fora dos clubs e dos bares, talvez uma tour internacional, quem sabe? Mas o que vem mesmo mesmo a seguir? Não sei de todo.”

Agradecemos ao Miss Drag Lisboa, na forma da Miss Moço e Miguel Rita, pela contínua amabilidade, ao José Britto pelas fotos disponibilizadas e à Morgana por aceitar o convite para conversar connosco – que tenha um próspero reinado! Relembramos ainda as restantes concorrentes desta edição:

Entrevista de Mariana Vilhena Henriques