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Décio Ferreira ataca posições da ILGA sobre questões trans e duvida que existam pessoas intersexo em Portugal

 

Primeiro um comunicado da ILGA, depois a resposta de João Décio Ferreira no Facebook. O debate sobre a Lei de Identidade de Género no programa “Queridas Manhãs” (SIC), com a presença do médico cirurgião, está a gerar várias reacções. 

 

No programa emitido na semana passada, Décio Ferreira catalogou a transexualidade como uma doença. “Uma coisa é a homossexualidade, que é uma orientação sexual, outra coisa é a transexualidade ou disforia de género que é uma doença. É uma doença em que o corpo e o cérebro são normais, não têm doença nenhuma, só que o cérebro que se desenvolveu na gestação é de um sexo diferente do sexo diferente do corpo. A pessoa sente-se no corpo errado”, disse o médico que é considerado o maior especialista do país em cirurgias de mudança de sexo, referindo que “isso cria um sofrimento (…) e portanto tem ser ser tratada”. As propostas para a nova Lei de Identidade de Género, a cargo do Bloco, PAN e governo, preconizam a auto-determinação de género, que o clínico contesta.
O “Queridas Manhãs” contou também com a participação, via telefone, de Daniela Bento, coordenadora do GRIT Grupo de Reflexão e Intervenção sobre Transexualidade, da ILGA, que, ao afirmar que tinha uma identidade não-binária, ouviu a contestação de Décio Ferreira: “Não sei onde lhe passaram o diagnóstico ou o relatório, o sentir que não se sente um homem ou mulher é um contra-senso em relação ao diagnóstico de disforia de género.”
A ILGA ripostou, entretanto, em comunicado: “Pessoas trans não são doentes, não são uma doença, ao contrário do que foi dito no programa. A WPATH (World Professional Association for Transgender Health) é clara ao afirmar que as pessoas trans experienciam a transexualidade de diferentes formas, e que nenhuma identidade é uma doença”.

 

Médico continua críticas no Facebook
Ainda no programa da SIC, o cirurgião manifestou-se contra a possibilidade de as pessoas mudarem de género por livre iniciativa, nem aos 16 anos, como propõem o Bloco de Esquerda, PAN e o governo, nem “aos 100 anos”, disse, reforçando que defende sempre o acompanhamento médico nestes processos de mudança de género. “Agora querem mudar a lei, se tiram o relatório, dez milhões e meio de portugueses podem ir amanhã mudar de nome – deixa de ser uma lei de disforia de género. Passa a ser uma lei geral, qualquer pessoa pode mudar porque lhe apetece. Deixa de ser considerado uma doença e não há Estado ou médico nenhum que vá tratar uma não-doença”, afirmou.
Décio Ferreira seguiu depois para o Facebook onde, ponto por ponto, questionou o comunicado da ILGA sobre a sua intervenção no programa da SIC. “Seria bom a ILGA dedicar o seu tempo a bater-se pelo que mais preocupa os verdadeiros transexuais e que é o facto de, desde há seis anos, se sentirem discriminados pelo Estado ao não verem o seu direito às cirurgias, que tanto querem e de que tanto necessitam, disponibilizado de forma credível pelo SNS, como tem toda a restante população portuguesa”, escreveu numa longa nota onde ironiza sobre os argumentos apresentados pela ILGA.

 

E questiona existência de pessoas intersexo em Portugal
Na mesma mensagem publicada no Facebook, Décio Ferreira vai mais longe e questiona a pertinência de se legislar sobre pessoas interesso, argumentando que “deve haver cerca de 500 intersexos entre os sete mil milhões que é a população mundial e que portanto em Portugal, segundo as estatísticas, haverá 0,75 pessoas – três quartos de pessoa”. O cirurgião faz ainda um ataque pessoal referindo que as associações conhecem “um activista intersexo militante de topo de uma organização nacional. Eu e outros colegas também o conhecemos e posso dizer que é tão intersexo como eu ou o Papa”.

 

Debate completo do “Queridas Manhãs” (SIC) aqui

 

 

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29 Comentários

  • Eduarda Alice Santos

    No dia 20 de Janeiro de 2017, como uma das “várias reacções” , sabe-se lá quantas delas convenientemente ignoradas, escrevi esta crónica como resposta ao Dr Décio, pessoa a que, desde há muito tempo, ando a criticar as posições e opiniões patologizantes e inexactidões a que o Dr Décio usualmente dá uma aparência de verdade. Muito antes da ILGA Portugal ter assumido uma posição despatologizante, que aconteceu recentemente, ainda a ILGA Portugal alinhava com as posições expressas pelo Dr., já as Panteras Rosa seguidas pelo Grupo Transexual Portugal (GTP) defendiam estas posições despatologizantes. Para quem desejar ver, encontra a crónica no meu blog (http://transfofa.blogspot.pt/2017/01/discussao-sobre-as-propostas-de.html) ou no Portugalgay (http://portugalgay.pt/news/Y200117A/portugal_discussao_sobre_as_propostas_de_identidade_de_genero_no_queridas_manhas_a_cronica). Também podem ver as críticas a várias declarações que o Dr Décio tem vindo a fazer ao longo dos tempos nas notas do meu perfil do FB ou nas notas do GTP, também no FB.

  • Anónimo

    Não há nada em que não concorde com Décio Ferreira e acho até palerma uma pessoa que se apresenta como Trans ter mudado de um nome masculino para um feminino e dizer que é intersexo, não se identificando nem com um sexo nem com o outro. É ridículo e pelas reacções vê-se que nem apresentadores nem publico entenderam e quem estava em casa a ver também não – mais um mau serviço do “activismo” à comunidade.

    Acerca do “projecto” para a nova lei, conheço 2 pessoas desde o ensino secundário que já passaram por diversas fases em cerca de 10 anos. Aos 13/14 queriam ser mulheres e hoje vivem bem com a homossexualidade, admitindo que a transexualidade teria sido um erro. Foram acompanhados pelas equipas do SNS.
    Há um 3º cujas fases são há anos mensais. Nuns meses quer ser homem, noutros mulher.

    Se se permitir a estas pessoas a mudança de nome aos 16 e cirurgias para mudança de sexo sem aconselhamento de especialistas, o estado assume a responsabilidade quando se suicidam?

  • Anónimo

    Talvez quando este senhor antiquado, que não sabe ou não quer entender os novos conceitos – e que, já agora, nem sequer percebeu o que está realmente a ser proposto – calar a boca, possamos ouvir as pessoas trans e, já agora, menos disparates, sobre um conjunto de propostas que reúnem o consenso do conjunto do associativismo lgbt. Já é hora de os médicos aceitarem que não são eles quem sabe o que é melhor para as vidas das pessoas trans, mas as próprias pessoas. É tempo de os médicos pararem de achar que têm o direito de interferir na relação entre as pessoas e o Estado, para lá dos actos médicos em si, que são os únicos que são da sua competência. Mas é sobretudo hora de o Dr. Décio parar de achar que tem o direito de questionar publicamente a identidade de quem quer que seja, isso é só transfobia pura.

  • Saav.

    Sou amigo de um conhecido travesti e o que diz aplica-se.
    E não foram só os psicólogos da “caixa” a levantar duvidas acerca da sua intenção de mudar de sexo, os amigos também o aconselharam a não o fazer.
    Felizmente não avançou e é feliz por não o ter feito.
    Admito que haja pessoas que aos 16 sabem muito bem o que querem mas também têm que admitir que a maioria não sabe bem o que quer.

  • Nuno

    A Simão lhe tenho a dizer que já é hora é de ouvir as pessoas TRANSEXUAIS! Essas estão do lado dos médicos pequenos médicos estão do lado delas! Se não fosse este homem, considerado recentemente o melhor cirurgião do mundo neste tipo de cirurgias, já muitos TRANSEXUAIS se tinham suicidado!
    Vergonha

  • Anónimo

    Você sabe a diferença entre sexo biológico e identidade de género? E o resto do seu comentário não passa de mentiras, o típico “conheço alguém que é”! É precisamente por ser negada a transição a jovens trans que 40% deles chegam a considerar o suicídio. É graças aos comentários de gente mesquinha, transfóbica e ignorante como você!

  • Anónimo

    Quer dizer que nascer com um sexo e ter a cabeça no outro é uma coisa normal e não é uma “doença”?
    Claro que a disforia de género é uma patologia e é assim que deve ser tratada.
    Demora muito a perceber que se não for doença o SNS não pode intervir?
    É o que o homem diz mas os activistas da treta dizem que é transfobia apesar dele ja ter ajudado centenas de trans.
    A comunidade gay que pensa pela sua cabecinha cada vez está mais longe do activismo e das associações/colectivos ou lá o que lhe queiram chamar.

  • linic

    Concordo com o medico e com o seu comentario. Isto começou a mudar a cerca de 3 anos por influencia dos EUA e activistas profissionais sem qualquer experincia medica.
    Ninguem quer saber de desistências ou o facto de muitas destas crianças quando crescerem serão homossexuais.
    Como ves, neste site, ja estao os activistas a sair das tocas para ofender e denegrir alguem que tenha uma opinião diferente.
    Quem sabe como isto vai acabar, mas convém dizer que crianças medicadas antes da puberdade e depois com hormonas ( resultam na esterilidade, aumento de riscos cardíacos e cancro) é imoral e nao devia ser feito.

  • Luísa Reis

    Car@ anónim@, não sei se é transsexual (ou interssexo) – penderia mais para que não seja – mas tomei a liberdade de corrigir o seu comentário 😉

    “Talvez quando estes senhores homo*, que não sabem ou não querem entender o que é a transsexualidade – e que, já agora, nem sequer percebem o aquilo de que as pessoas transsexuais realmente se queixam e precisam – calarem a boca, possamos ouvir as pessoas transsexuais e, já agora, menos disparates, sobre um conjunto de propostas inúteis e irrelevantes para a vida dos homens e mulheres transsexuais portugueses. Que, desde 2011, experimentam depressões e ideação suicida graças à ausência de cirurgias no SNS. Mas não é disso que interessa tratar, para o activismo homo*: este projecto de lei pode ser aprovado a custo zero, e por isso facilmente atingível, enquanto que lutar pelas cirurgias – como faz o dr. Décio Ferreira (que já foi objecto de uma queixa-crime por parte da URGUS por denunciar publicamente o seu não-funcionamento), que custam dinheiro, já é um bocadinho mais complicado. Porquê esforçarmos-nos se podemos ficar bem na fotografia e dizer que Portugal tem a Lei de Mudança de Nome e Sexo sem Motivo mais avançada do mundo? Já é hora de alguns activistas homo* aceitarem que não são eles quem sabem o que é melhor para as vidas das pessoas transsexuais, mas as próprias pessoas. É tempo de alguns activistas homo* pararem de achar que têm o direito de falar sobre o que seja da transsexualidade, porque não têm nem a identidade, nem desempenham nenhum papel da vida das pessoas transsexuais portuguesas. Mas é sobretudo hora de algumas pessoas cissexuais pararem de achar que tem o direito de se apropriar de identidades alheias, confundir identidade de género com expressão de género e/ou orientação sexual, posições políticas com identidades, e reforçar preconceitos e estereótipos, desconstruindo a pedagogia que as próprias pessoas transsexuais, e alguns dos seus aliados verdadeiros, como o dr. Décio Ferreira, têm tentado fazer – isso é só transfobia pura. Que se concentrem nos direitos das pessoas LGB, que é a área para a qual estão capacitados, e ainda há *muito* para fazer aí.

    Homo* – ‘novo conceito’ denotando uma gama de identidades desconexas, sem um fio comum, e com patares de disprivilégio completamente díspares. Exemplos: homossexualidade, metrossexualidade, assexualidade, BDSM, etc
    (para quem não percebeu, claro que este é um conceito fictício, ofensivo, apropriador e homofóbico – tal como o conceito de trans*)

  • 15 A ZERO!!!

    Pelos comentários das PESSOAS LGBT, o Décio dá 15 a zero ao activismo.
    Chega de intervir como activistas quando não nos representam!
    Quem vos elegeu para nos representar?
    Quem vos mandatou?
    Qual a vossa legitimidade?

  • Anónimo

    “Quem sabe como isto vai acabar, mas convém dizer que crianças medicadas antes da puberdade e depois com hormonas ( resultam na esterilidade, aumento de riscos cardíacos e cancro) é imoral e nao devia ser feito.”
    Importa-se de apresentar estudos que confirmem os disparates que escreveu? Ou é mais uma bicha transfóbica ignorante?

  • Anónimo

    Os activistas LGBT estão a representar-se a eles próprios. Que eu saiba não devem nada a bichas transfóbicas como você. Se quer representar os gays cobardes, privilegiados, discretos e armariados que lutam contra os seus próprios direitos e sofrem de homofobia internalizada, pode sempre participar nas marchas que tanto despreza.

  • Anónimo

    “É precisamente por ser negada a transição a jovens trans que 40% deles chegam a considerar o suicídio”
    Importa-se de apresentar estudos que confirmem o disparate que escreveu? Ou é mais uma bicha ignorante?

  • linic

    Nao preicsa de ficar nervosa e ser mal educada.
    O mais interessante e que nao sabe coisas basicas e depois vem chamar transfóbicos e mais nao sei o que fóbico aos outros. Alias, tactica muito usada por activistas radicais.
    http://www.pbs.org/wgbh/frontline/article/when-transgender-kids-transition-medical-risks-are-both-known-and-unknown/

  • Anónimo

    Quando um cirurgião diz que não existem pessoas intersexo, automaticamente perde toda a razão (se é que tinha alguma). Porque é que há médicos tão ignorantes?

  • Anónimo

    1º, isso é um press release de uma associação LGBT americana, veiculado por um site LGBT e de estudo tem rigorosamente nada;
    2º, é uma associação Americana e o press release, friso, o presse release e não estudo, refere-se aos americanos. Além de não ser um estudo, os EUA não são o mundo;
    3º, de acordo com o próprio press release, a percentagem de 40% nem sequer tem a ver com jovens trans e muito menos é a percentagem por ser negada a transição: simplesmente “attempted to commit suicide at some point in their lifetime”.

    Está no press release: “It found that 14% of trans people were sent to a professional by their family after disclosing their gender identity to their family in an attempt to prevent them from transitioning”, ou seja, nem sequer mencionam que se tentaram suicidar.

    Quando o argumento é mentiroso e fraquinho, é facilmente desmentido e desmontado.

  • Anónimo

    “Quando o argumento é mentiroso e fraquinho, é facilmente desmentido e desmontado.”
    Quando não se aceita a verdade, chama-se aos argumentos “mentiroso” e “fraquinho”. O Donald Trump aprendeu a falar português e decidiu vir comentar para o dezanove?

  • Anónimo

    “Nao preicsa de ficar nervosa e ser mal educada.”
    Para além de transfóbico ainda é misógino pois usa o género feminino sem saber o género da outra pessoa que comenta. E jovens de 16 anos não são propriamente crianças.

  • Demora muito?

    Passei por aqui para ver se já tinham activado os comentários com Facebook. Ainda não e pelos vistos não vai acontecer e a extrema esquerda vai continuar a controlar isto com o Dezanove a aprovar-lhes os comentários contrários à sua própria politica de moderação em que chamam fóbicos, mentirosos, ignorantes e mais uma infinidade de barbaridades a quem tem cérebro e vontade própria para não cair nas suas cantigas.
    Seria milagre este comentário ser aprovado mas como o objectivo até é que quem faz isto me leia, está 100% atingido.

  • Anónimo

    Opiniões das quais você não gosta são de “extrema esquerda”?
    Opiniões das quais você não gosta devem ser censuradas?
    É isso que defende?

  • linic

    Usar o genero femenino e ser misógino?! Porque? So se considerar o sexo femino inferior, isso sim e misógino.
    So usei o genero que voce usou, nada mais.
    Ja agora, reparei que nao disse nada em relaçao a esterilização de criancas, ou toda a panóplia de problemas associados, Nao me diga que nao sabia?
    E o que da quando se comenta e nao se sabe nada.

  • Anónimo

    “Quem sabe como isto vai acabar, mas convém dizer que crianças medicadas antes da puberdade e depois com hormonas ( resultam na esterilidade, aumento de riscos cardíacos e cancro) é imoral e nao devia ser feito.”
    1 – Jovens de 16 anos não são crianças.
    2 – A haver riscos (espero que não se importe de me indicar os estudos sobre esses riscos), as pessoas trans têm o direito a tomar decisões sobre o seu próprio corpo desde que informadas dos riscos.
    3 – A transfobia é imoral.

  • Anónimo

    Lá por o Dr. Décio ser um bom cirurgião, isso não o isenta de críticas. Ao dizer que a transexualidade é uma doença e que não existem pessoas intersexo o Dr. Décio está a dizer coisas completamente disparatadas.

  • Anónimo

    “Admito que haja pessoas que aos 16 sabem muito bem o que querem mas também têm que admitir que a maioria não sabe bem o que quer.”
    Jovens trans sabem muito bem o que querem. E duvido que lhe tenham pedido a sua opinião.

  • Anónimo

    “Como ves, neste site, ja estao os activistas a sair das tocas para ofender e denegrir alguem que tenha uma opinião diferente.”
    É graças ao activismo que gays cobardes como você podem casar e adoptar.

  • Anónimo

    “Seria milagre este comentário ser aprovado”
    Mas foi aprovado. Porquê a paranóia?