"Quando soube que era gay" de Eleanor Crewes
Este é o livro ideal para te acompanhar nas tuas férias e garantimos desde já que todos os destaques e prémios são poucos para esta incrível combinação de banda desenhada, com novela gráfica e livro de memórias. Não é à toa que a frase da capa é de Alice Oseman, autora de Heartstopper, que saiu da série de livros para a Netflix que falamos diversas vezes aqui, aqui, aqui, aqui e aqui, e curiosamente, Alice Oseman começou no Tumblr as suas publicações e Eleanor começou como uma zine feita à mão que a autora entregava pessoalmente em várias lojas de BD em Londres.
Eleanor Crewes é escritora, ilustradora e autora de novelas gráficas, com formação na Universidade de Artes de Londres. "Quando Soube Que Era Gay" é o seu primeiro livro, que começou de forma manual. Este trabalho foi nomeado para o Prémio Goodreads como Melhor Novela Gráfica e Banda Desenhada em 2020 e considerado uma das melhores novelas gráficas e de memórias pelo The Washington Post. Foi também destacado pelo The Guardian e The Oprah Magazine, entre outras publicações.
"Quando Soube Que Era Gay" é a combinação perfeita de honestidade, sinceridade e lado humano, pois retrata a história de Eleanor com alegria, diversão, humor, charme, mas sem esconder as suas frustrações e arrependimentos, de quem agora está num lugar de mais experiência e consciência sobre toda a sua jornada e é possível acompanhar o seu crescimento.
Ellie ao longo do livro mostra realmente momentos muito bonitos, onde destaco a passagem em que ela conta ao pai sobre a sua sexualidade e este a envolve num abraço, onde me revi. Já a parte mais mágica do livro é a forma como transmite para o livro a sua vontade vibrante, pulsante e autêntica de se querer conhecer e descobrir, além de criar uma ligação com a pessoa leitora, uma vez que é fácil criar empatia e fazer uma ponte para a nossa própria jornada, transversal a todas as pessoas sejam estas ou não LGBTQIA+. Saliento a maneira exímia com que conhecemos a autora, no seu lado mais pessoal e íntimo, ao mesmo tempo que apreciamos a sua arte e o que ela realmente faz de tão bem, porque revela pormenores muito próprios como ter tido uma obsessão infantil com Willow de Buffy, a Caçadora de Vampiros.
"Quando Soube Que Era Gay" lembra-nos também que a sexualidade nem sempre é determinada por realmente nos apaixonarmos por outra pessoa mas mais sobre estarmos bem sobre quem somos, o que faz com que não tenhamos uma única forma de “sair do armário”, podendo ter avanços e recuos nessa saída, mas que é da vontade muito vincada de nos querermos conhecer em primeira instância.
Em resumo, o livro é de tirar o fôlego e repleto de tudo o que mais aprecio: essência honesta, sincera e humana, intimista e emocional, repleto de humor, charme e empatia, brilhantemente embrulhados numa novela gráfica que nos teletransporta para aquele espaço e momento como se de um presente se tratasse, não é à toa que a frase da capa seja de Alice Oseman, autora de Heartstopper que até saiu do livro e voou para uma série da Netflix.
“Gostaria de dizer o quanto estou animada para que The Times I Knew I Was Gay (Quando Soube Que Era Gay) alcance tantos novos leitores. É incrível ser editada pela Iguana/Penguin Livros, e ver as minhas palavras traduzidas de forma fantástica e saber que esta história pode atingir um público totalmente novo. Tenho a sorte de ainda ouvir leitores que descobriram recentemente meu livro, que encontraram semelhanças – por menores que sejam – entre minha experiência e a deles, isso é sempre um privilégio para mim. Espero que Portugal goste!” afirmou Eleanor Crewes, contactada pelo dezanove.pt e ao qual acedeu tecer este comentário.
Podes conhecer mais sobre a autora no seu site ou no Instagram, além de ler um excerto aqui.
Editora: Penguin Livros
Chancela: Iguana
Autora: Eleanor Crewes
Tradutora: Raquel Almeida
ISBN: 9789897870392
Data de publicação: Junho de 2023
Páginas: 320
Género: Banda Desenhada e Novelas Gráficas, BD e Novela Gráfica Adulto
PVP: 16.65€
M. Pimentel Santos