Daniela Mercury: Rainha do axé e do coliseu
Daniela Mercury aqueceu o Coliseu de Lisboa, a 23 de Novembro, e matou saudades de Portugal, fazendo referência à cultura brasileira e africana, anunciando a presença da cantora Mayra Andrade na audiência.
Dando uma nova vida às suas músicas mais antigas, o público entoou, num momento arrepiante: «Quanto tempo tenho pra matar essa saudade? / Meu bem, o ciúme é pura vaidade / Se tu foge, o tempo logo traz ansiedade / Respirar o amor, aspirando liberdade». Quem esteve presente respondeu efusivamente às frases que Daniela ia rematando, promovendo a liberdade, a democracia e o amor livre de armários.
A comunidade LGBTI+ fez-se ouvir, empunhando as suas bandeiras arco-íris, que se juntaram a outros cartazes que «elegiam» Daniela Mercury como ministra da cultura, no futuro governo de Lula da Silva. Atirando beijos à audiência e com um discurso algo político, a intérprete relembrou o «período de trevas» que o Brasil viveu nos últimos quatro anos, sublinhando que a democracia venceu e que o seu país deu a «volta por cima».
As músicas mais recentes também encontraram eco na multidão e encheram o coliseu de Primavera, antecipando o Carnaval da Bahia. Num concerto cheio de cor e com uma vivacidade que não desaponta, Daniela Mercury representou todas as minorias, com letras que enviaram mensagens muito claras àqueles que promovem a opressão:
«Abra a porta desse armário
Que não tem censura pra me segurar.»
Márcia Lima Soares