Durante anos, certos livros foram lidos às escondidas em Portugal e escamoteados à polícia. Porque era proibido lê-los, mas também detê-los. O fim da instituição da censura só ocorre após a Revolução de 25 de Abril de 1974, com a aprovação da Constituição de 1976, que consagra no artigo 37.º a liberdade de expressão e informação e no artigo 42.º a liberdade de criação cultural.
No Dia Mundial do Livro apresentamos-te o romance "Aquele que é digno de ser amado" de Abdellah Taïa, escritor marroquino de 50 anos radicado há 20 anos em França. Um homossexual não esquece as suas origens ao longo das páginas dos seus livros, muito deles já premiados. O seu romance "L’Armée du salut" foi inclusive adaptado ao cinema. "Aquele que é digno de ser amado", livro que se consome rapidamente, faz-nos reflectir sobre os tempos que vivemos na Europa de hoje.
O restaurante Pap'Açorda fez quase meio século de vida. Entre as mesas, as flores e a açorda, um livro cuidadosamente editado com textos de comensais que fizeram a sua vida entre pratos. A tarde do dia 16 de abril foi o tempo das memórias daqueles e daquelas que na rua da Atalaia até ao Mercado da Ribeira traçaram a história da cidade de Lisboa.
O livro Homossexualidade e Resistência no Estado Novo marca o panorama literário e historiográfico ao trazer à luz do dia uma temática ainda muito negligenciada: a história da comunidade LGBTQIA+ em Portugal.
Novidade editorial reimpressa pela Bertrand Editora
Sinopse: Baseado na investigação de um processo inquisitorial, François Soyer faz-nos um relato biográfico e vívido de Maria Duran, desde a fuga do seu casamento com um homem, na Catalunha, até à sua passagem pelo Sul de França, e por Barcelona, onde virá a integrar o exército espanhol como soldado.
Novidade editorial reimpressa pela Bertrand Editora.
Sinopse: Um grupo de jovens com ambições literárias aproxima-se do conde de Passavant, homem de letras vulgar e de moral duvidosa que deseja manter sob a sua influência talentos promissores como Bernard e Olivier.
Traduzido por Cristina Fernandes, “Uma Família em Bruxelas” é um curto e comovente retrato autobiográfico da degradação física e mental do seu pai sobe o ponto de vista da sua mãe, a figura central da história.
Inspirados na técnica de blackout poetry, um colectivo de poetas e ilustradores organizados pelos criativos Viton Araújo e Diego Torgo, quiseram resignificar o infame lápis azul da censura através da Constituição de 1933.
“Se cada homem tornasse público aquilo que pensa sobre o nosso sexo, a opinião de que fomos criadas apenas para seu uso seria unânime, de que servimos apenas para gerar e zelar pelos filhos nos primeiros anos de vida, para tratar dos assuntos da casa e para obedecer, servir e satisfazer os nossos senhores, ou seja, eles mesmos, naturalmente.” Sophia, A Mulher Não é Inferior ao Homem (Ideias de Ler, 2024)
Lançada em Janeiro deste ano, a segunda edição do livro "Identidade de Género e Orientação Sexual na Prática Clínica", escrito pela professora doutora Ana Macedo (Departamento de Ciências Biomédicas e Medicina da Universidade do Algarve), convida-nos a repensar termos que julgamos conhecer bem, mas que inúmeras vezes são usados de forma inadequada.
“Eu sofro e desenho. Por vezes ao mesmo tempo. Para uma mulher branca ocidental a que não falta nenhuma das suas necessidades básicas, uma confissão destas é um pouco embaraçosa. Mas as coisas são o que são. Tenho estatura baixa e o meu ponto de vista do mundo é contrapicado, o que acarreta consequências. E sei que não estou sozinha. Ponho a minha mão no fogo (para sofrer um pouco mais) ao afirmar que todas as almas se atormentam quando, diante do espelho, vêem o modo acidentado como caminham pela vida, o que é um alívio. Sobretudo porque a inépcia dos outros é divertida.” - Manual de Autodefesa, LuciGutiérrez (Orfeu Negro, 2021)
"Guia para Lésbicas num Colégio Católico" de Sonora Reyes, é a primeira publicação da Secret Society, um selo editorial YA (Young Adult) da Penguin Random House Grupo Editorial em Portugal. Um mundo onde podes ler autores como Adam Silvera, Holly Black, Nina LaCour, Tahereh Mafi e muitos outros.
"A tristeza era cada vez mais funda. A disforia, que nem sequer sabia que se chamava assim, já ocupava tanto espaço mental e tanto desagrado físico com nove malditos anos, que quase não deixava lugar para mais nada. Nos estudos, mais do que cumpridora, era quase brilhante; em tudo o resto era um desastre. Imaginava mais do que vivia, mas não tinha dotes artísticos que me arrancassem a mágoa, nenhum alívio me socorria, não sabia pintar a minha desgraça, nem me ocorria escrevê-la, para não deixar provas. De modo que a dançava ou me desdobrava e fantasiava com cenários de libertação. Evadia-me, sobretudo, através da literatura, do cinema e da música. Era uma espectadora de tudo o que me rodeava, mas não podia tocar em nada."
- Alana S. Portero, Maus Hábitos (Alfaguara, 2024)