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Impactos do crescimento das forças da direita reacionária em Portugal

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Para quem acha que o crescimento das forças da direita reaccionário, em Portugal, não terá impactos directos no dia a dia de alguns corpos que lhe são menos queridos, ficam aqui alguns apontamentos explicativos do porquê do crescimento das forças da direita reaccionária em Portugal ter efeitos directos, sim, sobre alguns corpos que lhe são menos queridos, então, venha daí a enumeração: 

 


1- o aumento do seu assento parlamentar permite-lhes levar, para a assembleia, a casa da democracia, determinadas narrativas que, ao terem o selo de aprovação parlamentar, isto é, ao serem proferidas na AR, são automaticamente validadas por parte da população que vota nessas forças e normalizadas como narrativa corrente; assim, o discurso de ódio,  de surdina passa a gritante e ao ser tornado gritante é utilizada mais e mais nas ruas, a céu aberto e de forma descarada. O impacto decorrente de comentários sexistas, racistas, homofóbicos ou transfóbicos, ditos em plenário, é automaticamente sentido pelos tais corpos menos queridos, que vêem o seu espaço ser mais facilmente invadido, por micro e macro violências.  Por olhares cada vez mais intrusivos, por comentários cada vez mais insinuantes e, em última instância, por ataques directos ao corpo. 

2- O aumento do seu assento parlamentar permite-lhes levar, para a assembleia, questões que têm sido dadas como garantidas, e que essas forças pretendem revogar; como tudo o leva a crer, dados os discursos mais recentes que vêm pôr em causa o direito ao aborto, por exemplo. Discursos que insistem no papel subalterno da mulheridade e na família tradicional. Discursos que pretendem destruir garantes elementares da vida desses tais corpos que lhe são menos queridos. 

3- O aumento do seu assento parlamentar vem, então, normalizar os discursos de ódio, potenciando eventuais retrocessos civilizacionais e essa normalização tem o intuito de criar medos nos corpos visados que, sentindo-se mais vulneráveis ao ataque, podem, por legítimo receio, restringir muitas das suas intrínsecas linguagens corporais; linguagens corporais essas que, em muitos corpos, muito sofreram para, enfim, se poderem apresentar orgulhosamente.  Essas restrições têm efeitos imediatos na tão relevante auto-emancipação corporal... suposto objectivo civilizacional e importante medidor do progressismo que rege uma sociedade. Essas restrições, suscitadas pelo medo provocado pela crescente normalização de determinados discursos de ódio, podem, a médio prazo, transformar as ruas deste país naquilo que a direita reaccionária quer, ruas mais homogéneas, digo, cada vez mais heterocentradas, machistas (e brancas). 

O caminho é só um, é sempre em frente!, sim, é verdade e, por tendência, assim é, ou deveria ser, mas os últimos tempos têm-nos mostrado que as garantias não existem ad aeternum e que, a qualquer momento, o caminho pode ser feito em marcha à ré. Portanto, quando voltares a ouvir que o crescimento das forças da direita reaccionária, em Portugal, não terá impactos directos no dia a dia de alguns corpos que lhe são menos queridos, lembra-te disto e insurge-te, para que se saiba, inequivocamente, que o crescimento da direita reaccionária tem efeitos directos, SIM!, no dia a dia de alguns corpos que lhe  são menos queridos.
Dito isto, corpos não queridos pelas forças da direita reaccionária de todo o mundo, uni-vos!

 

António João

 

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