“A Fragrância da Primeira Flor": amor e luxúria entre duas mulheres, conflitos e estereótipos
“A Fragrância da Primeira Flor", realizada por Angel Teng, conhecida pela sua filmografia sobre feminismo, género e direitos humanos, chega ao Filmin nesta terça-feira, a 14 de Junho.
Num mês tão importante para a comunidade LGBTQI+, a mini-série taiwanesa mostra-nos várias perspetivas sobre um mesmo assunto: o ser LGBTQI+ numa sociedade e cultura opressoras.
Yi-Ming, uma mãe que cuida praticamente sozinha do seu filho autista, porque o seu marido trabalha fora da cidade, reencontra Ting-Ting, a sua paixão dos tempos do liceu. Este reencontro vem não só despertar de novo os sentimentos que ambas nutrem uma pela outra, mas também pôr em questão toda a identidade de Yi-ming e a forma como ela se relaciona com o mundo á sua volta.
Com um argumento que já tantas vezes vimos ser contado da forma errada - através da sexualização dos corpos LGBTQI+ e das relações lésbicas, sem esquecer as centenas de histórias da pessoa presa num casamento desgastado e desequilibrado, que procura um escape tendo um affair com uma pessoa do mesmo sexo - “A Fragância da Primeira Flor" vem trazer finalmente esta história contada de forma crua, real e com todo o respeito necessário por todas as partes envolvidas. Sem esquecer a forte presença da luta que uma mulher LBTQI+ enfrenta com assumir a sua própria sexualidade, Yi-Ming mostra-nos como uma sociedade opressora pode fazer com que nos odiemos, reprimindo tudo o que sentimos e pondo uma máscara para enfrentar o mundo diariamente, passando ainda pelo desgaste da maternidade. Ting Ting não é menos relevante nesta história e mostra-nos, sobretudo, todas as coisas que somos capazes de fazer por amor, mesmo quando todos nos dizem que é errado.
Com uma narrativa visual bastante característica do cinema asiático, esta mini-série é pautada por incríveis detalhes luminosos e suaves que nos fazem perder nesta história de amor mas, principalmente, de melancolia.
A não perder no Filmin, uma fantástica sugestão neste mês do orgulho LGBTQ+.
Maria Raposo