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Lucy Fromell: "Uma das coisas que me deixou feliz foi sentir o apoio da minha família"

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Lucy Fromell foi consagrada a Rainha da Bolsa de Ouro 2023 no passado dia 22 de Julho na Academia de Santo Amaro. O prémio foram 600 “Bolsas de Ouro” para o primeiro lugar.

Vamos conhecer a Lucy, nova na cena drag e que já conquistou o primeiro lugar de um concurso de transformismo.

dezanove: De onde vens? Que idade tens? Como foi crescer na tua cidade e ter este sonho de vingar na arte drag?
Luciano Fialho aka Lucy Fromell: Nasci em Lagos, no Algarve. Tenho 35 anos, mas a Lucy Fromell faz apenas um ano. 
Desde pequeno que estou ligado às artes. Com 12 anos comecei a fazer teatro e aos 16 comecei a fazer ballet.
Não foi fácil ser uma criança tão ligada às artes. A homossexualidade sempre foi um problema para as outras crianças e adolescentes. Era insultado mesmo antes de eu saber o que significava ser gay. Mas tive uma professora de teatro, a Bernardete Bishop, que pegou em mim e protegeu-me bastante. Encontrei no grupo de teatro escolar uma comunidade que me respeitava e onde me sentia protegido. 
Com 18 anos vim para Lisboa estudar dança e fui bailarino profissional durante seis anos até mudar para a maquilhagem. Sempre amei o poder da transformação e com a drag posso juntar todas as artes numa só personagem e voltar aos palcos que tinha tantas saudades.
 

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Qual foi a sensação de ser coroada como vencedora da Bolsa de Ouro 2023? Era algo que esperavas?
Eu já queria fazer drag há muito tempo, mas estava sempre a adiar. Em 2022 fui desafiado pela Joy D’Arancia, uma colega drag, a entrar na Bolsa de Ouro. E foi onde tudo começou. Após a primeira gala comecei a receber convites para actuar em vários locais. Esta competição tem várias coisas incríveis, mas a principal é podermos mostrar o nosso talento num teatro em frente de um público. Eu sempre aproveitei para contar histórias.
Eu sou uma drag bebé, não entrei para a competição a achar que ia ganhar. O objectivo era criar e desenvolver a personagem mas ao longo das galas vi que podia ter hipóteses de ganhar. Mas fui sempre cheio de dúvidas até à final! Ganhar foi um culminar de toda a pressão e trabalho realizado ao longo da competição! Foi uma sensação incrível, a minha família veio logo abraçar-me. Nem tive tempo para reagir, mas foi espectacular. 

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Podes partilhar quais são as maiores referências e inspirações para a tua arte? E, já agora, podes falar-nos um pouco sobre o teu nome artístico?
Eu acho que tenho uma forma muito própria de me apresentar devido à influência da dança e do teatro. Inspiração existe em todo o lado, o importante é adaptar para aquilo que eu gosto de fazer e como me identifico. Eu adoro sensualidade e uma das artes que explora muito isso é o burlesco e é algo em que gostava de me iniciar. 
Lucy Fromell nasceu através do meu nome. Chamo-me Luciano (Lucy) e por alguma razão muita gente chama-me Lúcifer… nunca percebi bem o porquê…. E adaptei esse nome para Fromell que significa “From hell” (do inferno).
 
Quando começaste? No teu caso como é viver do transformismo? Ou fazes outras coisas paralelamente?
A primeira vez que me montei em drag foi para assistir a Miss Drag Lisboa em Outubro de 2022. Depois em Novembro estava a competir nas audições para a Bolsa de Ouro. Actualmente vivo da maquilhagem que é a minha profissão. Actuar em drag tem sido um segundo amor. Digo a muitas pessoas que drag tem funcionado como terapia, estou sempre a fazer coisas para a Lucy, conheci pessoas incríveis nesta comunidade.
Infelizmente ainda não dá para viver da drag. Mas estou muito feliz assim. Tenho muito a agradecer à minha madrinha de drag, a Suelly Cadillac, que me introduziu no mercado do transformismo e à Roxy Vieira que criou a plataforma (Bolsa de Ouro) para novas drags apresentarem a sua arte.  
 

Se quisermos ver a Lucy Fromell a actuar, onde devemos ir?
O melhor é seguirem a página de Instagram da Lucy Fromell porque ela actua em vários locais! Já actuou em casas como o Finalmente, Margem Sul Bar Club, Pride do Porto, Glitters Gallery e vêm aí novas apresentações para o Algarve! 
 
Que dirias a jovens queer que estão a descobrir-se e que gostariam de seguir esta arte?
Eu não tive coragem para começar mais cedo, mas no momento que comecei, apercebi-me que estava tudo certo, era isto que devia estar a fazer. Quem gosta de ti vai manter-se e apoiar. Drag trouxe-me amigos que vou levar para a vida. Uma das coisas que me deixou feliz com este percurso foi sentir o apoio da minha família. Estavam todos lá para a final da Bolsa de Ouro! É um sentimento que não consigo descrever. Eu próprio estou muito curioso com o futuro da Lucy Fromell.

 

Entrevista de Mariana Vilhena Henriques