Mulher Vida Liberdade, um grito de alerta pelo Irão
Em 16 de Setembro de 2022, Mahsa Amini, uma jovem estudante iraniana, foi detida e espancada até à morte pela polícia religiosa em Teerão. O seu único crime foi não usar o lenço imposto às mulheres pela República Islâmica. O destino desta mulher de 22 anos desencadeou uma onda de protestos sem precedentes que rapidamente se espalhou por todo o país.
Para marcar o aniversário da morte da iranaiana Mahsa Amini e o começo do movimento Mulher Vida Liberdade, um livro com a visão de dezassete ilustradores reconhecidos mundialmente e três especialistas sobre o Irão, sob a coordenação de Marjane Satrapi.
Por ocasião do primeiro aniversário do movimento, Marjane Satrapi reuniu alguns peritos e cartoonistas. Juntos, querem mostrar o que não pôde ser fotografado ou filmado devido à censura.
Ao longo de um longo livro de 260 páginas vários autores contam através do desenho os acontecimentos, um pouco da história e os dias do regime e de um povo persa que resiste. É assim agora a vida no Irão, da falta de liberdade, das manifestações que se originaram com esta revolução feminista muitas vezes à custa da própria vida.
Esta obra foi publicada em simultâneo em vários países, com o propósito de chamar a atenção para esta causa directamente relacionada com a dignidade e os Direitos Humanos.
Segundo a organizadora: “Este livro tem duas intenções. A primeira consiste em explicar o que se passa no Irão, descodificar os acontecimentos na sua complexidade e nas suas nuances para um público não iraniano, dá-los a conhecer o melhor que conseguimos, mesmo que seja impossível explicar todas as facetas desta história. Porque está a acontecer. Mesmo que não se fale dela o suficiente. A segunda intenção deste livro é a de lançar um sinal aos iranianos para os lembrar de que não estão sozinhos".
Marjane Satrapi nasceu em Rasht, no Irão, em 1969, e actualmente vive em Paris. Estudou no liceu francês de Teerão, onde passou a sua infância. Bisneta de um imperador do país, teve uma educação que combinou a tradição da cultura persa com valores ocidentais e de esquerda. Aos catorze anos, partiu para a Áustria, e depois retornou ao Irão para estudar belas-artes. Estabelecida em França como autora e ilustradora, Marjane conquistou a fama mundial com Persépolis, obra que ganhou alguns dos mais prestigiados prémios deste género literário. As ilustrações de Marjane são publicadas em revistas e jornais de todo o mundo, incluindo The New Yorker e The New York Times.
Paulo Monteiro