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Queerovision 2021: Um olhar queer sobre a Eurovisão

Créditos Pedro Pina – RTP

Este ano assistiremos à 65ª edição do Festival da Eurovisão, na cidade de Roterdão, nos Países-Baixos, depois do cancelamento da edição de 2020 devido à pandemia do novo coronavírus. Este ano, aconteça o que acontecer relativamente a confinamentos e restrições de viagens ou permanência no local, o evento vai realizar-se nem que seja apenas televisivo.

 

Os próprios organizadores do evento já afirmaram que estão preparados para qualquer circunstância.  Sietse Bakker, produtor executivo das edições da Eurovisão nos Países-Baixos  afirmou em Maio do 2020 que a Eurovisão “traz novos desafios, mas a ambição para realizar a melhor edição de sempre prevalece.”

 

Dramas à parte, todas as 39 canções já estão submetidas. Depois de duas desistências de países participantes: Arménia devido à recente guerra armada com o vizinho Azerbaijão e a Bielorrússia devido à segunda submissão declarada demasiado política (a primeira foi rejeitada pela EBU pela mesma razão, resultando na sua desqualificação da Eurovisão de 2021)

No que toca à questão queer este ano há uma forte revindicação pela auto-determinação das mulheres e da expressão própria do individuo em si. Vamos, por isso, realçar algumas canções e artistas que revelam várias expressões e vozes explicitamente LGBTIQ, ou com as quais a nossa comunidade se pode identificar. Olhemos para estes exemplos:

 

Alemanha: A canção intitulada “I Don’t Feel Hate”, (Não Sinto Ódio) é interpretada pelo artista abertamente queer Jendrik, fala do ódio e preconceito geral não excluindo o dirigido às pessoas LGBTIQ, para além do dirigido a minorias étnicas, aos diferentes tipos de corpo e o que incita à violência de género. Mesmo não percebendo a letra da canção cantada em língua inglesa, o videoclipe é bastante explícito.

 

Letónia: A artista Samanta Tina volta novamente a representar o seu país na Eurovisão, depois da tentativa de 2020. Samanta canta-nos “The Moon is Rising” (A lua está a nascer), sendo uma forte revindicação dos direitos de todas as mulheres, lésbicas e trans incluídas tanto na música como no videoclipe. Samanta Tina parece ser uma forte apoiante das revindicações LGBTIQ.

 

Malta: A ilha de Malta volta a ser representada pela vencedora da Junior Eurovision, 2015 Destiny Chukunyere. Desde 2015, Destiny já cresceu e sua voz também. Os temas da sua canção já são mais sérios e a sua canção “Je Me Casse”, cantada em inglês, reivindica de forma geral a autodeterminação das mulheres na luta contra o patriarcado.

 

Macedónia do Norte: Também representada por um artista que volta da edição de 2020, Vasil artista abertamente gay, não é a primeira vez que vai à Eurovisão. Foi vocalista para a artista Tamara Todevska da Macedónia do Norte na edição da Eurovisão de 2019. Vasil representa o seu país com a balada “Here I Stand” (Aqui estou eu).  Podes ver a entrevista ao Vasil com a Nikkie Tutorials, mulher trans e anfitriã online da Eurovisão.

 

Países-Baixos: Jeangu Mcrooy não é excepção. Jeangu é gay e um activista pela igualdade. Nascido no Suriname e naturalizado neerlandês, o vídeo da sua canção “Birth of a New Age” (Começo de uma nova era) tem fortes influências afro-surinamenses e é cantada em inglês e sranantongo (crioulo surinamês). Na entrevista com a Nikkie Tutorials em 2020, agradeceu-lhe pelo trabalho de solidariedade com a comunidade LGBTIQ.

 

República da Irlanda: Lesley Roy, é mais uma artista vinda de 2020. Lesley é casada com a sua esposa com quem vive nos Estados Unidos da América. Este ano, Lesley apresenta-nos uma movimentada canção chamada “Maps”. A Irlanda é o país que mais vezes ganhou a Eurovisão num total de sete vezes, a última das quais foi em 1996. Vê a entrevista com a artista com a apresentadora Nikkie Tutorials.

 

Portugal: Este ano, os vencedores do Festival da Canção foram o grupo The Black Mamba com a canção “Love is on My Side” (O amor está do meu lado). Pela primeira vez Portugal envia uma canção totalmente em Inglês para a Eurovisão, o que em 2021 ainda parece não reunir consenso. A canção é cantada no estilo de blues e conta a história duma prostituta que a banda conheceu em Amesterdão. A canção é sobre a esperança do amor por alguém cuja vida não lhe correu como esperava. Um facto interessante é que a letra da canção é perfeitamente adaptável a muitas histórias da juventude LGBTIQ+ dada a semelhança da rejeição social porque muitas pessoas da nossa comunidade passam.

 

A inclusão e o respeito pela autodeterminação é um factor importante. Por isso os pronomes de todas as pessoas participantes serão respeitados na integra. O objectivo, segundo a revista Blitz, “é tornar o evento mais inclusivo, evitando que determinado artista seja identificado como pertencendo a um género que não seja o seu.”

No meio de tanta diversidade de canções este ano, haverá, sem dúvida, algumas que irás gostar. O Festival da Eurovisão realiza-se nos dias 18, 20 e 22 de Maio, em Roterdão, e tem transmissão na RTP1. Portugal actua na segunda semi-final a 20 de Maio.

 

Ricardo Duarte, a caminho da Eurovisão 2021

Foto: Créditos: Pedro Pina – RTP