Poema homofóbico na revista da Sociedade Protectora dos Animais gera polémica
Quadras com teor homofóbico foram publicadas no último número d’“O Zoófilo”, a publicação trimestral da Sociedade Protectora dos Animais. A autoria das quadras é atribuída a um colaborador da publicação, dirigida por Tomé de Barros Queiroz, e que se identifica como José Luís.
A denúncia de homofobia chegou hoje às redes sociais e partiu de Sara Martinho, activista dos direitos das pessoas LGBT, que incita a SPA “a responder pela infeliz publicação das "Quadras Soltas".” Entre as quadras, que podem ser encontradas na última página da publicação, podem ler-se, por exemplo, os seguintes versos:
Casais homossexuais
Serão casais abusivos,
Deus casou adões com evas
E não Adões com Ivos.
Os gatos são sempre gatos
Leões são sempre leões,
Se os patos são sempre patos
Porque é que há homens pavões?
Não quero ser foca nos polos
Nem cão preso no canil,
Nem ser porco em Portugal
Nem veado no Brasil.
Em declarações ao dezanove, Sara Martinho parafraseia o poema e afirma não ter vergonha de ser lésbica, mas “teria, sim, vergonha de ser homófoba - e ainda mais vergonha por declamá-lo publicamente”. Em comunicação junto da SPA a activista espera “um esclarecimento ou um pedido de desculpas” pela “utilização imprópria da publicação de uma associação de utilidade pública, destinada ao bem-estar dos animais, para a promoção de ideias homófobas.”
A Sociedade Protectora dos Animais foi fundada em 1875, funciona em Lisboa e em Tavira, e tem como únicos rendimentos os donativos e quotas dos seus sócios. No site afirmam “assumir responsabilidades que seriam da competência do Estado”.