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A vida que se entranha em “Love Is Strange” (com trailer)

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Finalmente estreia em Portugal “Love Is Strange – O Amor É Uma Coisa Estranha”, filme de 2014 realizado por Ira Sachs. Esteve para estrear por duas vezes nesse ano e mais outra em 2015. E o facto de só agora estrear nos cinemas portugueses é a maior crítica que se pode fazer.

 

Love is Strange_2.jpgIra Sachs continua brilhante a dirigir actores e a realizar filmes, dando-nos aquilo que merecemos. Esta película vem dar continuidade à consagração que este realizador americano conquistou em 2012 com o seu “Keep the Lights On” (“Deixa as Luzes Acesas”), com o qual ganhou o Teddy Award no Festival de Berlim, bem como o prémio de interpretação masculina e o de Melhor Filme no Queer Lisboa 16.

Após 39 anos juntos, Ben (John Lithgow) e George (Alfred Molina) decidem dar o nó numa conservatória do registo civil em Manhattan, Nova Iorque, EUA, na sequência da aprovação da lei que permite o casamento entre pessoas homossexuais. No regresso da lua-de-mel, Ben é despedido do seu emprego de longa data como maestro de coro numa escola católica, por causa dos votos de casamento. Sem economias, o casal percebe que não tem condições para continuar a pagar o seu pequeno apartamento em Chelsea. Poucos dias depois de se juntarem para celebrar as núpcias, família e amigos têm agora de se reunir para descobrir como ajudar os dois amigos.

O melhor deste filme são mesmo as interpretações de Lithgow e Molina num dos casais mais convincentes que o mundo do cinema nos deu. A vida é estranha, o amor também e este filme igualmente. Estranho na medida em que se entranha nas retinas dos nossos olhos e se aloja no nosso cérebro. Como quando gostamos de um quadro, mas que nos causa uma certa estranheza. Queremos apagá-lo da memória, mas não conseguimos. Queremos libertar-nos, mas estamos aprisionados. E gostamos de termos ficado reféns. Afeiçoámo-nos a ele nos primeiros minutos e não percebemos bem logo porquê. À medida que nos vai sendo revelada cada pincelada, vamos descobrindo as várias camadas de pintura. E é nessas camadas, muitas vezes de um quadro que por vezes nos incomoda, que está a grande beleza desta película. “Love Is Strange” é isto mesmo: um filme que nos é dado em quadros num único quadro, com uma amálgama de sentimentos, por vezes difíceis de digerir e com um final bruto e surpreendente.

4 estrelas em 5

Luís Veríssimo