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Não Monogamia: Para além do que nos coloca aquém 

não monogamia

Devido à crescente visibilidade da Não Monogamia, tem havido maior circulação de informação e debate, criando mais oportunidades para conhecer, esclarecer, reflectir e aprofundar conceitos e entendimentos sob diversas perspectivas. 

A Não Monogamia não se resume a configurações relacionais afectivo-sexuais nem à sua não exclusividade ou quantidade de parcerias amorosas simultâneas. No entanto, a sua vivência permite criar e explorar alternativas ao convencionado socialmente, bem como desconstruir crenças e práticas profundamente enraizadas e difundidas.

Um sistema social que idealiza e romantiza o amor assente na exclusividade, completude, sacrifício e eternidade, além de promover uma ideia de amor escasso, gerando possessividade, competitividade, isolamento e várias violências, também invalida e descredibiliza quaisquer alternativas a esse molde. 

O ideal de amor é igualmente binário-cis-branco-hetero-normativo e quem não se assemelha a tais características ou não reproduz tais padrões, é alvo de desvalorização, invisibilização e opressão. E onde há opressão, há dominação, com relações de poder altamente hierarquizadas.

É essencial considerar as tendências históricas ao serviço do patriarcado, criado e mantido para destacar, favorecer e beneficiar homens - em especial homens cis, brancos e heterossexuais - com mais direitos e privilégios à custa do silenciamento, exploração e controlo de mulheres e de todas as demais pessoas consideradas fora desse padrão. A determinação social de papéis, práticas e lugares de ocupação tem sido, assim, estabelecida e diferenciada com base nessa normatividade.

Mesmo com os importantes progressos alcançados pelos movimentos sociais feministas, anti-racistas, LGBTQIA+, entre outros, o patriarcado como estrutura fortemente naturalizada continua a ser amplamente reproduzido e reforçado, em maior ou menor escala, por todas as pessoas e não apenas por quem dele beneficia, pelo menos em alguma das suas dimensões. Deste modo, misoginia, sexismo, racismo, LGBTQIA+fobia e outras discriminações continuam muito presentes na forma como nos percepcionamos a nós e a outres, e como nos relacionamos pessoal e socialmente, com inúmeras resistências ao que ameaça essa conformidade.

A Não Monogamia reconhece e opõe-se a todas as imposições, opressões e violências estruturalmente interligadas, propondo uma construção colectiva e emancipatória de alternativas às desigualdades e supremacia masculina. Ao incentivar o pensamento crítico, a autonomia e a criação de uma rede de apoio, a Não Monogamia potencia recursos de fortalecimento e formas de se relacionar mais autênticas, livres e responsáveis, independentemente da configuração dessas relações.

 

Ana Vaz e Ema Fontes

@labnaomono (Projecto no Instagram centrado na Não Monogamia)

 

Nota: Este artigo foi escrito da perspectiva de duas pessoas brancas, não monogâmicas, pertencentes à comunidade LGBTQIA+, socializadas e percebidas socialmente como mulheres, que experienciam estruturalmente a expectativa, pressão e impacto de uma construção social cis-hetero-mono-normativa sustentada no patriarcado e no capitalismo.

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