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Pessoas não-binárias existem. E merecem ser respeitades!

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Num episódio recente que espelha as contínuas lutas contra o preconceito enraizado na sociedade, Cristina Ferreira, uma figura pública de renome em Portugal, tomou uma posição controversa ao recusar-se a reconhecer a identidade de género de Jacques Costa, uma pessoa não-binária, optando por usar o pronome masculino "ele" em detrimento do feminino "ela", ou dos pronomes neutros que seriam os mais apropriados para respeitar a identidade de Jacques.

Esta atitude de Cristina não é apenas um acto isolado de desrespeito, mas um espelho do estigma e da intolerância que muitas pessoas não-binárias enfrentam diariamente.
O argumento de Cristina, de que lhe é "mais fácil" usar o pronome masculino, é um reflexo de uma sociedade que muitas vezes escolhe o caminho da conveniência em detrimento do respeito pela identidade e dignidade dos outros. Ao fazer essa escolha numa plataforma de enorme visibilidade e influência, Cristina não só invalida a experiência de, mas também perpetua uma norma social que marginaliza e invisibiliza as pessoas não-binárias. O facto de Jacques já se ter comprometido com o uso do pronome feminino, numa tentativa de mitigar o escrutínio público e simplificar a sua interacção social, apenas para ainda assim enfrentar resistência, é revelador da profundidade do preconceito e da falta de compreensão em relação à diversidade de género na nossa sociedade.
A posição assumida por Cristina Ferreira vai muito além de uma escolha linguística; é um acto que legitima a desconsideração pelas identidades não-binárias, dando sinal verde para que o público siga pelo mesmo caminho, amparado na influência de uma figura mediática. Esta atitude não só desvaloriza a identidade de Jacques como também transforma a sua presença na televisão numa oportunidade para reforçar estereótipos e alimentar a discriminação, em vez de ser um momento para educação e sensibilização do público para a realidade das pessoas não-binárias.
 
A posição assumida por Cristina Ferreira vai muito além de uma escolha linguística; é um acto que legitima a desconsideração pelas identidades não-binárias, dando sinal verde para que o público siga pelo mesmo caminho, amparado na influência de uma figura mediática. Esta atitude não só desvaloriza a identidade de Jacques como também transforma a sua presença na televisão numa oportunidade para reforçar estereótipos e alimentar a discriminação, em vez de ser um momento para educação e sensibilização do público para a realidade das pessoas não-binárias.

Adicionalmente, a repercussão deste episódio nas redes sociais, particularmente entre os apoiantes do partido político CHEGA, que celebraram a atitude de Cristina como um acto de resistência ao "politicamente correcto", sublinha o quão arraigadas estão as atitudes preconceituosas na sociedade. Esta celebração não é apenas um apoio a uma falta de respeito para com a identidade de uma pessoa, mas também um indicador alarmante do crescente endosso público a discursos que desumanizam e marginalizam grupos já vulneráveis.
Em suma, este incidente não é apenas sobre a escolha de pronome de Cristina Ferreira; é um reflexo de como a sociedade continua a falhar na protecção e no respeito pela diversidade humana. É um chamado urgente para uma reflexão colectiva sobre os valores que queremos promover e sobre como podemos construir uma sociedade que verdadeiramente respeita e celebra cada indivíduo, independentemente da sua identidade de género. A responsabilidade de educar, sensibilizar e promover a inclusão não recai apenas sobre os meios de comunicação e figuras públicas, mas sobre todos nós, que compomos o tecido social.
 
Este incidente não é apenas sobre a escolha de pronome de Cristina Ferreira; é um reflexo de como a sociedade continua a falhar na protecção e no respeito pela diversidade humana.
 
Bandeira de género não binário

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Não-binariedade ou identidade não binária é um termo guarda-chuva para identidades de género que não são estritamente masculinas ou femininas, estando portanto fora do binário de género e da cisnormatividade.

 

João Figueiredo