Na edição do festival deste ano actuaram ainda os músicos Soraia Morais, Leandro Noronha e Rui Serrinha e ocorreram também as actuações de dança dos seguintes grupos: Dança Leiria Associação e Bell Y Lis Dance.

Numa noite marcada pela alegria, diversidade e muita cor, a arte do transformismo revela-se um lugar onde é possível coexistirem actuações bastante diversificadas. Um exemplo disso foram as exibições das artistas Cherry Flavor e Stefani Duvet, ambas aplaudidas de pé e tão distintas entre si. A drag Cherry conquistou o público com a sua actuação vibrante e cheia de energia, enquanto Stefani passou uma mensagem política e de crítica social, apelando ao voto consciente no dia 10 de Março. A artista tenta chamar a atenção para o crescimento da extrema-direita em Portugal e da sua consequente ameaça aos direitos humanos, referindo que “decidi utilizar a minha voz para lutar, sei que aqui em Leiria é muito necessário (…) e estou muito feliz com resultado, porque percebi que há muita gente que acredita na liberdade”.

A artista Belle Domage realça a importância de existirem lugares assim, onde possa existir livremente, algo que adquire ainda outro significado com o aumento dos movimentos de extrema-direita. Também Eva Brown, a proprietária do Glitz Club Leiria, realça o sucesso do evento, mostrando-se entusiasmada já com uma próxima edição. No entanto, não deixa de referir que este ano as coisas foram um pouco mais complicadas perante a ameaça de um grupo de extrema-direita, que para além de uma moção de censura junto da Câmara de Leiria, decidiu organizar-se para comparecer no evento, de forma intimidatória e de ameaça, física e moral, para com o público e participantes do mesmo.

Perante isto, o colectivo da região LGBTI Leiria organizou-se numa “contra-manifestação”, criando uns pequenos cartões a apelar ao voto nas próximas eleições legislativas, nos quais se podia ler “50 anos|25 de Abril. A revolução fez-se para todes! Dia 10 – pela Liberdade, pela Democracia – vota em consciência!”. Para além de terem distribuído estes cartões ao público presente no evento, antes do mesmo começar, distribuíram no final ainda cravos pelas artistas e pessoas do público e tinham preparado alguns gritos de ordem, caso o grupo de extrema-direita conseguisse interferir negativamente durante o espectáculo.

Mário de Carvalho, que ainda deu destaque ao trabalho realizado na Quebrar o Silêncio, iniciou a sua apresentação referindo a liberdade e a importância de se resistir contra o avanço da censura e do fascismo. E foi mesmo a liberdade que venceu na 5ª edição do Leiria Drag Festival. Pois como refere Debbie Björn, “Estamos a dar uma mensagem para todo o público de que o transformismo é uma arte (…) temos que dar esta mensagem, porque isto é uma arte. Estamos a transmitir alegria, diversão, animação, com todo o contexto que transformamos”. 

Álbum de fotos aqui e vídeos da noite aqui.

Paula Monteiro