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Gays e o Carnaval no Brasil: sexo, libertação e comunidade

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O nome é Carnaval. O significado é o ápice de qualidades inerentes a brasileiros: sensualidade, musicalidade e sociabilidade. E tudo isso em quatro dias bem intensos! 

Uma visão mais ampla vai mostrar escolas de samba em um dos maiores espectáculos visuais e artísticos da humanidade, ruas cheias, pessoas suadas e canções ricas culturalmente (ou nem tanto, como tem sido as mais recentes). 
Mas olhemos o ponto arco-íris que faz parte dessa efervescência. Escrevo esse artigo no primeiro dia de Carnaval (Sábado 10) com os portais de notícias no Brasil mostrando em suas capas blocos (pessoas juntas nas ruas atrás de carros gigantes de som ou grupos musicais) gays/LGBT com dezenas de milhares de indivíduos. "Festa da diversidade", talhou um! 
O Brasil é, de acordo com estudo da ILGA Internacional, o segundo país do mundo em ranking com mais direitos para LGBT. No mais, somos o segundo país mais populoso do mundo em que o casamento homossexual é legal. Aqui, a homossexualidade deixou de ser doença oficialmente cinco anos antes do mundo fazê-lo. E a cura gay... Fomos a primeira nação do planeta a proibi-la, isso em 1999. 

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Tudo isso criou um país em que, em 2024, os blocos gays/LGBT de carnaval são livres para existir! Recebem apoio de governos e patrocínios de empresas, são expressão da cultura arco-íris e exemplo do quanto o Brasil tem evoluído no respeito à diversidade de orientação sexual. 

Há blocos que começam às 5h da manhã e abrem oficialmente o Carnaval numa das grandes cidades (Belo Horizonte). Há show que mescla apresentações de drag queens com bandas musicais de escolas de samba, isso na capital (Brasília). 
Há agitos com milhares de gays animados por algumas das principais cantoras do país (na carnavalesca Salvador). Há concurso gay de fantasia com 30 anos de existência na mesma cidade, Florianópolis, em que a gay Praia Mole recebe festival com 50 DJs. 

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E o que falar de São Paulo, que faz a mais gigantesca parada do orgulho do planeta? Mais de 40 blocos gays/LGBT dominam as ruas. Em 2023, um deles, comandado pela artista Pabllo Vittar, teve de ser interrompido por... excesso de pessoas! 
Esses factos são provas de libertação social como também sexual! Não, o beijo entre dois homens realmente não será bem visto em todos os cantos, mas há muito tempo no Brasil aumenta o número de lugares em que tudo bem beijar quem você ama (inclusive fora do Carnaval).

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De toda forma, sim, o Carnaval é momento de vivência da homossexualidade na rua. Beijos, abraços, roupas de banho, corpos à mostra, formas de dançar. O gigante musculoso de sainha! O urso repleto de glitter e com cílios postiços! O trisal com fantasias (ou micro-sungas) iguais. O gay da periferia que dança como grito de liberdade. 
Amigos que disputam quantas bocas beijam por dia! Ter a média de 15 pode ser sinal de um derrotado! Existe relacionamento gay fechado em Portugal? No Brasil, há alguns (devidamente estudados por museólogos). O homem te beija e depois lhe apresenta o namorado dele (que te beija também). 
A festa da carne é vivida, de forma geral, como tal por gays. O corpo de Verão é o corpo do Carnaval. Ou seu corpo de inverno mesmo, no meio da folia, brilha! Aplicativos de encontros beiram o colapso por tanto bytes transferidos. Há festas de sexo com 600 homens! Há fila para entrar na sauna e cruising bars. 

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E a folia também é o fortalecimento do senso de comunidade gay! As cidades com Carnaval mais animado recebem milhares de turistas gays. Amigos se reencontram. Outras viajam juntos e fortalecem o que os unem. Conhecidos das redes sociais finalmente podem se ver (e transar). Espaços tal como a praia de Ipanema tornam-se, organicamente, espaço de construção identitária como grupo! Ser gay, ver gay, serem gays! 
São os dias sem pecado, os quais representam liberdade e a ecoam para além da quarta de cinzas!
 
No Brasil, Welton Trindade,  jornalista e dono da rede brasileira de sites Guia Gay - parceira dos guias Lisbon Gay Circuit e Porto Gay Circuit

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