“As injúrias acompanhavam os socos, e o meu silêncio, sempre. Paneleiro, bicha, rabeca, maricas, panasca, roto, larilas… ou o homossexual, o gay. Às vezes cruzávamo-nos nas escadas a abarrotar de estudantes, ou noutro sítio, no meio do pátio. Não me podiam bater à vista de todos, não eram assim tão estúpidos, poderiam ser expulsos.”
Esta segunda-feira vivemos na Galiza (e no resto de Espanha) uma mobilização de massas exigindo justiça pelo assassinato homofóbico do jovem Samuel Luiz ocorrido n' A Coruña na noite de sexta-feira para sábado 3 de Julho.
Para Dária, Daniel e mais um amigo a noite do último Sábado não correu como planeado. Após sairem de uma festa LGBT-friendly, já em plena rua e por volta das 06h30 da manhã começaram a ouvir "bocas": "Olha os paneleiros, com uma miúda, vão se todos enrabar com amiga!". Era o princípio de mais um ataque homofóbico.
Recebemos uma denúncia de um caso de serofobia ocorrido o mês passado (Junho de 2016) em Portugal. Respeitando o direito ao anonimato, falamos com esta pessoa que é homossexual e seropositiva - que denominaremos simplesmente de A. - para perceber o que se passou; se a situação de que foi vítima ainda se mantém e, afinal, o que acontece quando se formaliza uma queixa deste tipo.
A. foi vítima de discriminação e insultos na Internet: Um "ódio totalmente injustificável" a que se somaram montagens fotográficas e ameaças. Desalentado A. teve a sensação que ir à polícia foi “completamente inútil”.
Já são conhecidos os resultados do relatório bianual da associação rede ex aequo, cujo foco são as situações de homofobia e transfobia vividas pela juventude LGBT em Portugal. Os dados do Observatório de Educação LGBT (OE) foram recolhidos a partir de 37 questionários entre Janeiro de 2011 e Dezembro último e dão conta que mais de 40 por cento da juventude lésbica, gay ou homossexual foi vítima de bullying homofóbico.