A poucos dias das eleições deixamos-te uma lista de candidatos e candidatas a deputados e deputadas de vários partidos, e de Norte a Sul do país, que têm lutado pelos Direitos das Pessoas LGBTI+. Fica a conhecê-los aqui:
Nas últimas semanas temo-nos deparado com casos de constrangimentos de acesso à vacinação por parte de pessoas trans, sobretudo, por não existirem estudos suficientes sobre os riscos da vacina Janssen nestas pessoas. Sabe-se que esta vacina não é recomendada de ser administrada a mulheres cis com menos de 50 anos.
O PS foi o partido mais votado nas eleições legislativas, recolhendo 36,65 por cento dos votos. Na noite eleitoral deste domingo houve vários aspectos relacionados com as questões da diversidade que merecem destaque.
O projecto digital Queerquivo, dirigido por André Murraças, deu origem a um livro que foi apresentado este Domingo no Queer Lisboa. Com tiragem limitada, trata-se de uma edição bilingue que pode ser adquirido online no site e Facebook oficiais.
Pelo oitavo ano consecutivo voltamos a premiar os melhores, mas também não nos esquecemos dos piores do ano. Distinguimos as personalidades e acontecimentos que marcaram o panorama LGBTI ao longo de 2017, depois de termos analisado mais de 400 artigos escritos nos últimos 12 meses.
Fica a conhecer os vencedores dos prémios LGBTI mais completos do país:
O realizador Colby Keller esteve em Lisboa, na qualidade de jurado da última edição do Queer Lisboa. Mas este artista visual, blogger e actor de filmes para adultos aproveitou a passagem pela capital para dar a cara pela PREP.
Sou médico e sou homossexual. Sempre quis ser médico e sempre me senti homossexual. Cresci com um pai e uma mãe. Maravilhosos, esforçados, dedicados a mim e ao meu irmão mais do que a qualquer outra coisa na vida. Também existiram avós, tios, primos e primas e se alguma coisa toda esta gente me ensinou foi o que era o amor e o que significa ter uma família. Tive a sorte de não conhecer nenhuma das realidades do abuso – o físico, o sexual, a negligência... Enquanto criança brinquei com carrinhos de metal, joguei à bola no recreio da escola, meti-me em lutas com os outros rapazes e explorei os primeiros afectos com as meninas no famoso jogo do “bate-pé”!
“O Centro Europeu de Vigilância Epidemiológica (ECDC) alertou as autoridades europeias para o surto de hepatite A em Agosto de 2016. Os primeiros casos 'em excesso' começaram a ser notificados em dezembro de 2016. A Direcção-Geral de Saúde (DGS) nada fez em todo este tempo e não acautelou o stock de vacinas, agora em ruptura”. A denúncia é do médico Bruno Maia, que é também activista do CheckpointLX/GAT, num artigo de opinião publicado no jornal Público.
Acaba de ficar online o PrEP.pt, o novo site sobre profilaxia pré-exposição (PrEP) em português. Recorde-se que a Agência Europeia do Medicamento aprovou este Verão a PrEP, uma ferramenta que se tem revelado altamente eficaz na prevenção de novas infecções de VIH, nos países onde ela já existe. Em Portugal, a PrEP ainda não foi aprovada. No entanto, existem já muitos homens que fazem sexo com homens a fazer PrEP, comprando um genérico do medicamento de marca (Truvada) através da internet.
É uma das marchas reivindicativas portuguesas com mais organizações presentes. Nem todas estas associações e colectivos dirigem o seu trabalho primordial junto de pessoas LGBTI, mas são unânimes na luta contra a discriminação e na defesa da igualdade. A marcha mais colorida da capital do país contou este ano com 21 organizações e ainda um colectivo recente que levou uma das maiores ovações da tarde: Colectivo de Mulheres Negras Lésbicas de Lisboa - Zanele Muholi (artigo em construção).
O telefone tocou a meio da tarde. Era o Sérgio [Vitorino]. Estava muito frio, não queríamos sair da cama. A única coisa que entendi foi que teriam encontrado um “travesti” morto, com sinais de tortura no corpo, numa construção abandonada no centro do Porto.
Nasci no ano em que a SIDA se passou a chamar SIDA. Quando ainda não se sabia o que a provocava. Primeiro foi o “cancro gay”, depois o “GRID” (imunodeficiência associada aos gays). A seguir conhecemos o VIH. E logo as campanhas moralistas impulsionadas pelo silêncio assassino de Ronald Reagan que proclamavam a SIDA como o “castigo” pelos gays serem gays – quem não se lembra da famosa frase “A SIDA cura a homossexualidade”? Já no final da década e inícios dos anos 90 vieram as mortes dos famosos, histórias de solidariedade e luta, o AZT e as grandes manifestações em Nova Iorque do Act Up.
A 22 de Fevereiro de 2008, dois anos após o assassinato de Gisberta, o deputado do Bloco de Esquerda José Soeiro organizou a primeira audiência parlamentar que contou pela presença de pessoas trans. Agora, é o responsável pelo projecto do Bloco que pretende simplificar a mudança de sexo e de nome próprio no registo civil e que será discutido na Assembleia da República na quarta-feira. Em entrevista ao dezanove, José Soeiro sustenta que existe uma maioria para aprovar as mudanças à lei e aponta alguns caminhos que podem ser seguidos para diminuir a discriminação de que as pessoas trans são alvo.
dezanove: Acredita que a lei de mudança de género tem condições para reunir uma maioria no Parlamento de forma a que seja aprovada na próxima quarta-feira?
José Soeiro (JS): Sim. O Bloco apresentou em Junho o seu projecto. Uns meses mais tarde, o governo apresentou também a sua proposta, que pretende responder às mesmas preocupações que o projecto de lei do Bloco. Basicamente, reconhecer a identidade de género das pessoas transexuais e retirar todo o processo de alteração do registo do sexo e do nome dos tribunais. Em Espanha uma lei idêntica foi aprovada no Senado sem votos contra. Creio que em Portugal haverá uma maioria para passar estes dois projectos.
Como é que encara a forma como a imprensa tem retratado este assunto? É um sinal de que ainda existe muito desconhecimento sobre a questão trans em Portugal?
As pessoas trans são o grupo mais invisível da comunidade LGBT. Frequentemente, a imagem pública que se constrói dos e das trans é uma caricatura, entre a pura confusão com a realidade travesti e o retrato da prostituição. Felizmente, tem havido alguns trabalhos jornalísticos que têm dado tido uma maior atenção no tratamento desta população, restituindo-lhe a palavra própria e a dignidade de serem respeitadas.
Os transexuais, já referiu por várias vezes, são o grupo social com a taxa de desemprego mais alta, provavelmente à volta dos 90%. Para além da aprovação da nova lei, o que é que pode ser feito para diminuir esta discriminação?
Tem de haver muito trabalho cultural e social, muito mais visibilidade, maior auto-organização, uma educação contra os preconceitos, maior informação sobre a sexualidade e as identidades de género. Tem de haver formação para quem trabalho nos serviços públicos, dos hospitais à polícia. Tem de haver provavelmente medidas de discriminação positiva em várias áreas.
Nota: Vídeo editado pelo Esquerda.net, site oficial do Bloco de Esquerda