O Livro dos Abraços de Eduardo Galeano
«Eu escrevo para aqueles que não me podem ler. Os de baixo, os que esperam há séculos na fila da história, os que não sabem ler ou não têm como.» - Eduardo Galeano, O Livro dos Abraços (Antígona, 2017)
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«Eu escrevo para aqueles que não me podem ler. Os de baixo, os que esperam há séculos na fila da história, os que não sabem ler ou não têm como.» - Eduardo Galeano, O Livro dos Abraços (Antígona, 2017)
O Barão de Lavos, romance da série “Patologia Social” produzida por Abel Botelho (1855-1917), é considerada a primeira obra literária portuguesa a abordar o tema da homossexualidade. Numa época em que Portugal era ainda um país monárquico, extremamente conservador, dominado pelo clericlarismo, o tema da homossexualidade masculina e da pedofilia trazidos com O Barão de Lavos (1891) mostrariam criar o escândalo dentro dos meios mais privilegiados da época não tardando a fazer parte dos livros proibidos e apreendidos pela Igreja.
"Durante muito tempo, quando alguém aludia àquele que é o meu trabalho há quinze anos, fazia-o usando o eufemismo da profissão «mais antiga», mas, para mim, o que a humanidade tem de mais antigo é a condenação das mulheres, das lésbicas, das travestis, das trans e das prostitutas que bem condenadas temos sido - e continuamos a ser - nesta sociedade machista e patriarcal." Georgina Orellano, Puta Feminista (ed. Orfeu Negro, 2023)
Os livros são uma ferramenta política poderosa. Despertando novas formas de pensar, agir e sentir, o acto de leitura contém em si a possibilidade de emancipação da mente e desenvolvimento do espírito crítico e livre, a possibilidade de transformação social e criação de novas formas de interagir com o mundo. Fruto do poder que o objecto livresco mostra encerrar surgem formas de controlo e limitação ao seu acesso. Recordemos que até Gutenberg e o surgimento da imprensa moderna o acesso aos livros era de uso privilegiado do clero e da nobreza. Na verdade não seria necessário recuar até tanto. Se recuarmos até meados do séc. XX, em Portugal, percebemos como os altos níveis de iliteracia espelhavam a desigualdade social de um país que passara meio século por um governo repressivo.
Considerada como uma das intelectuais mais influentes da actualidade e uma das principais teóricas dos “pós-feminismos”, ganhando destaque internacional após a publicação do seu livro Personas Sexuais (1990) - obra adaptada da sua tese de doutoramento na qual critica veementemente o feminismo e defende o poder criador da masculinidade e homossexualidade masculina -, o pensamento de Paglia mostra controvérsia e até certa contradição aos princípios feministas que diz advogar, prova disso é a sua recente obra “Mulheres Livres, Homens Livres: Sexo, Género, Feminismo”, publicada originalmente em 2017 e traduzida para português um ano depois por Hélder Moura Pereira com a chancela da Quetzal.
«Coisas de Loucos», publicado pela Tinta da China em 2020 e já numa segunda edição, é uma obra em que, habilmente, Catarina Gomes resgata do esquecimento alguns dos doentes do primeiro hospital psiquiátrico a abrir e fechar portas no país, o Hospital Miguel Bombarda ou, como outrora conhecido, o Hospital Rilhafoles, Manicómio e/ou Asilo Miguel Bombarda (1848-2011).
“Defender que o sexo já tem género, que já é construído, não explica como se produz forçosamente a «materialidade» do sexo. Com que restrições se materializam os corpos como «sexuados», como entenderemos a «matéria» do sexo e, de maneira mais ampla, a dos corpos como repetida e violenta circunscrição da inteligibilidade cultural? Que corpos se materializam e contam (matter], e porquê?” - Judith Butler, Corpos que Contam (Orfeu Negro, 2023)
Lúcia Vicente, escritora e activista, conta histórias de 12 crianças no primeiro livro infantojuvenil português escrito com base no sistema de linguagem neutra ELU.
“Um homem a sério é «alto, forte, musculado, tem entre 25-45 anos» (ou seja, ao que parece eu já sou demasiado velho para ser um homem a sério!), «é saudável, heterossexual, competitivo e dominante». Um homem a sério é «um polícia, um bombeiro, um mecânico, um advogado, um homem de negócios ou CEO». É alguém «zeloso, competente, um líder». «Bebe, assiste a e pratica desportos, e sai com os amigos.» Como de costume, não demonstra qualquer emoção para além da «raiva e da excitação». É «inflexível e violento». Este nosso herói «está sempre disposto ao sexo, tem muitas parceiras sexuais e sabe que fazer sexo é marcar pontos». «Tem um pénis grande, fica teso quando quer é mantém-se teso.» É também «sempre capaz de proporcionar um orgasmo à sua parceira» (ou orgasmos múltiplos) e «ejacula quando quer». Tem uma vida sexual focada em «coito, broches e possivelmente sexo anal (dar)».” A Revolução do Homem, Phill Barker (2020:29)
Durante o mês de Maio questionamos os leitores do dezanove.pt sobre os livros que marcaram a nossa comunidade ao longo dos anos. Hoje vamos conhecer o top dos cinco livros LGBTI+ internacionais mais marcantes.
“Temos de descobrir por conta própria que o amor é uma força tão real quanto a gravidade, e que ser sustentados pelo amor todos os dias, a cada hora, a cada minuto, não é fantasioso – deve ser o nosso estado natural.” (p.192)
Durante o mês de Maio questionamos os leitores do dezanove.pt sobre que temas seriam os mais marcantes em termos de literatura LGBTQI+. Hoje vamos conhecer o top dos cinco livros portugueses mais marcantes.
Uma aventura doce e imperdível, escrita com humor e salpicada com todas as cores do arco-íris. Foi o livro vencedor na categoria de Melhor Livro Infantil dos Prémrios Diverse Books Awards.
Este é o livro ideal para te acompanhar nas tuas férias e garantimos desde já que todos os destaques e prémios são poucos para esta incrível combinação de banda desenhada, com novela gráfica e livro de memórias. Não é à toa que a frase da capa é de Alice Oseman, autora de Heartstopper, que saiu da série de livros para a Netflix que falamos diversas vezes aqui, aqui, aqui, aqui e aqui, e curiosamente, Alice Oseman começou no Tumblr as suas publicações e Eleanor começou como uma zine feita à mão que a autora entregava pessoalmente em várias lojas de BD em Londres.
Quando Ben De Backer decide revelar aos pais que se identifica como uma pessoa não-binária — não é um rapaz, nem uma rapariga —, elu é expulse de casa e tem de ir viver com a sua irmã mais velha, Hannah, e o marido dela que nunca conheceu. De repente, a vida de Ben muda drasticamente numa questão de dias: nova casa, nova escola... e uma perturbação de ansiedade provocada pela confissão da sua verdadeira identidade aos seus pais.
João Francisco Gomes, jornalista, autor de uma série de reportagens de investigação sobre os abusos sexuais na Igreja Católica em Portugal, publicada em 2019 e distinguida com vários prémios de jornalismo, traz-nos neste livro um testemunho sobre a crise e (in)capacidade da Igreja Católica em lidar com um fenómeno histórico e difuso, o flagelo dos abusos sexuais contra menores perpetrados pelos seus sacerdotes.
Género Queer, de Maia Kobabe, um dos livros mais polémicos nos EUA, chegou às estantes portuguesas pela Edições Asa. Com tradução de Elga Fontes e revisão para linguagem neutra de Marta Maia da Costa, esta autobiografia queer mostra ser não só ser um recurso usado pelu cartoonista para se expressar e revelar ao mundo como se percebe/identifica como ao mesmo tempo mostra ser uma história útil para quem esteja a passar pelas mesmas situações que Maia experienciou.